"Todos nós corremos com desvantagens secretas"
Purswarden
"Justine apoiada num fuste de uma coluna de Taposiris, a cabeça negra recortando-se contra a obscuridade murmurante da água, uma mecha desfeita pela brisa marinha, dizendo:
Na língua inglesa há uma única expressão que para mim tem significado :Time immemorial."
Lawrence Durrel
pindaro
sexta-feira, junho 30, 2006
quarta-feira, junho 28, 2006
Não quero que me desenrole os caracóis
segunda-feira, junho 26, 2006
Navega, velero mío
Con diez cañones por banda,
viento en popa, a toda vela,
no corta el mar, sino vuela
un velero bergantín.
Bajel pirata que llaman,
por su bravura, El Temido,
en todo mar conocido
del uno al otro confín.
La luna en el mar riela
en la lona gime el viento,
y alza en blando movimiento
olas de plata y azul;
y va el capitán pirata,
cantando alegre en la popa,
Asia a un lado, al otro Europa,
y allá a su frente Istambul:
Navega, velero mío
sin temor,
que ni enemigo navío
ni tormenta, ni bonanza
tu rumbo a torcer alcanza,
ni a sujetar tu valor.
Veinte presas
hemos hecho
a despecho
del inglés
y han rendido
sus pendones
cien naciones
a mis pies.
Que es mi barco mi tesoro,
que es mi dios la libertad,
mi ley, la fuerza y el viento,
mi única patria, la mar.
Allá; muevan feroz guerra
ciegos reyes
por un palmo más de tierra;
que yo aquí; tengo por mío
cuanto abarca el mar bravío,
a quien nadie impuso leyes.
Y no hay playa,
sea cualquiera,
ni bandera
de esplendor,
que no sienta
mi derecho
y dé pechos mi valor.
Que es mi barco mi tesoro,
que es mi dios la libertad,
mi ley, la fuerza y el viento,
mi única patria, la mar.
A la voz de "¡barco viene!"
es de ver
cómo vira y se previene
a todo trapo a escapar;
que yo soy el rey del mar,
y mi furia es de temer.
En las presas
yo divido
lo cogido
por igual;
sólo quiero
por riqueza
la belleza
sin rival.
Que es mi barco mi tesoro,
que es mi dios la libertad,
mi ley, la fuerza y el viento,
mi única patria, la mar.
¡Sentenciado estoy a muerte!
Yo me río
no me abandone la suerte,
y al mismo que me condena,
colgaré de alguna antena,
quizá; en su propio navío
Y si caigo,
¿qué es la vida?
Por perdida
ya la di,
cuando el yugo
del esclavo,
como un bravo,
sacudí.
Que es mi barco mi tesoro,
que es mi dios la libertad,
mi ley, la fuerza y el viento,
mi única patria, la mar.
Son mi música mejor
aquilones,
el estrépito y temblor
de los cables sacudidos,
del negro mar los bramidos
y el rugir de mis cañones.
Y del trueno
al son violento,
y del viento
al rebramar,
yo me duermo
sosegado,
arrullado
por el mar.
Que es mi barco mi tesoro,
que es mi dios la libertad,
mi ley, la fuerza y el viento,
mi única patria, la mar.
José de Espronceda
pindaro
Para além da saudade
Vaga, no azul amplo solta,
Vai uma nuvem errando.
O meu passado não volta.
Não é o que estou chorando.
O que choro é diferente.
Entra mais na alma da alma.
Mas como, no céu sem gente,
A nuvem flutua calma.
E isto lembra uma tristeza
E a lembrança é que entristece,
Dou à saudade a riqueza
De emoção que a hora tece.
Mas, em verdade, o que chora
Na minha amarga ansiedade
Mais alto que a nuvem mora,
Está para além da saudade.
Não sei o que é nem consinto
À alma que o saiba bem.
Visto da dor com que minto
Dor que a minha alma tem.
Fernando Pessoa
pindaro
domingo, junho 25, 2006
De um vulto de Medusa
Mas quem pode livrar-se por ventura
Dos laços que Amor arma brandamente
Entre as rosas e a neve humana pura,
O ouro e o alabastro transparente?
Quem de uma peregrina formosura,
De um vulto de Medusa propriamente,
Que o coração converte, que tem preso,
Em pedra não, mas em desejo aceso?
Luis de Camões
pindaro
quinta-feira, junho 22, 2006
Como los teoremas
terça-feira, junho 20, 2006
Mas não tem preço
"Preguicemos em tudo, excepto no amar e no beber, excepto no preguiçar"
Lessing
Lessing
“Um após incerto conjugado com um antes provável.
Um tempo para nada? Mas este nada é abençoado.
E este tempo possui um valor mas não tem preço, tal como a arte, segundo Duvignaud.
A sesta é uma reapropriação por nós próprios do nosso próprio tempo, fora dos controlos relojoeiros.
A sesta é emancipadora.”
Thierry Paquot
pindaro
Ávida Hilária
segunda-feira, junho 19, 2006
Fases de vir para a rua
Tenho fases, como a lua
Fases de andar escondida,
fases de vir para a rua...
Perdição da minha vida!
Perdição da vida minha!
Tenho fases de ser tua,
tenho outras de ser sozinha.
Fases que vão e que vêm,
no secreto calendário
que um astrólogo arbitrário
inventou para meu uso.
E roda a melancolia
seu interminável fuso!
Não me encontro com ninguém
(tenho fases, como a lua...)
No dia de alguém ser meu
não é dia de eu ser sua...
E, quando chega esse dia,
o outro desapareceu...
Cecília Meireles
pindaro
domingo, junho 18, 2006
Y la figura
Os horizontes transmarinhos
sexta-feira, junho 16, 2006
Segunda-feira
“O eu foge-me sempre e é ele, no entanto, que, ao fugir da minha pessoa, a desenha e a imprime”
Paul Valéry
Paul Valéry
“O que é o amor? O amor é assim:
Hoje beija-se, amanhã não se beija,
Depois de amanhã é domingo
e segunda-feira ninguém sabe o que será…”
Carlos Drummond de Andrade
píndaro
Aquele mover de olhos excelente
Aquele mover de olhos excelente,
aquele vivo espírito inflamado
do cristalino rosto transparente;
aquele gesto imoto e repousado,
que, estando na alma propriamente escrito,
não pode ser em verso trasladado;
aquele parecer, que é infinito
para se compreender de engenho humano,
o qual ofendo enquanto tenho dito,
me inflama o coração dum doce engano.
me enleva e engrandece a fantasia,
que não vi maior glória que meu dano.
Oh, bem-aventurado seja o dia
em que tomei tão doce pensamento,
que de todos os outros me desvia!
E bem-aventurado o sofrimento
que soube ser capaz de tanta pena,
vendo que o foi da causa o entendimento!
Luís de Camões
pindaro
quinta-feira, junho 15, 2006
A alma entrelaçada dos indescritíveis
Que canto há de cantar o que perdura?
A sombra, o sonho, o labirinto, o caos
A vertigem de ser, a asa, o grito.
Que mitos, meu amor, entre os lençóis:
O que tu pensas gozo é tão finito
E o que pensas amor é muito mais.
Como cobrir-te de pássaros e plumas
E ao mesmo tempo te dizer adeus
Porque imperfeito és carne e perecível
E o que eu desejo é luz e imaterial.
Que canto há de cantar o indefinível?
O toque sem tocar, o olhar sem ver
A alma, amor, entrelaçada dos indescritíveis.
Como te amar, sem nunca merecer?
Hilda Hist
pindaro
quarta-feira, junho 14, 2006
Uma amabilidade de viagem
O mais belo momento
terça-feira, junho 13, 2006
Embevecimento
Nestes casos, a intercomunicação lúbrica é tão natural como a do calor ou da electricidade. Não é que tudo no mundo é molecular? Um sexto sentido, particularmente apreensor nas mulheres, as avisa de quem as cobiça. Compreende-se que, ordenadas como receptáculo, seja mais desenvolvida nelas a faculdade de detecção. O homem pode ser amado e não fazer reparo. Quando se ama uma mulher e se está em contacto com ela, pode partir-se do princípio que está ciente. Qualquer declaração de amor é redundância.
Aquilino Ribeiro
pindaro
quinta-feira, junho 08, 2006
quarta-feira, junho 07, 2006
A arte de perder
A arte de perder não é nenhum mistério;
tantas coisas contém em si o acidente
de perdê-las, que perder não é nada sério
Mesmo perder você ( a voz, o ar etéreo
que eu amo) não muda nada. Pois é evidente
que a arte de perder não chega a ser um mistério
por muito que pareça (Escreve!) muito sério.
Elizabeth Bishop
pindaro
domingo, junho 04, 2006
Nua sob as nuvens
“La tempête avait croisé cet homme taciturne et elle n´avait réussi qu´ à lui arracher quelques mots »
J. Conrad
Foi no mês alumbrado dos bruxedos
o aluarado encontro.
Ó Hilária ardente,
túrgida trigueirona,
de sobrancelha sexy e gomo polpudo,
laçaste-me
com a tua boca bárbara.
Ó trémula beleza sem apoio
fiz-te pássaro e como-te no voo.
Não me culpes, amor
foi bruxaria.
solino
J. Conrad
Foi no mês alumbrado dos bruxedos
o aluarado encontro.
Ó Hilária ardente,
túrgida trigueirona,
de sobrancelha sexy e gomo polpudo,
laçaste-me
com a tua boca bárbara.
Ó trémula beleza sem apoio
fiz-te pássaro e como-te no voo.
Não me culpes, amor
foi bruxaria.
solino
Subterrâneo rio de palavras
No bronze da sua glória
Lisboa
A luz vinha devagar
Através do firmamento...
Vinha e ficava no ar,
Parada por um momento,
A ver a terra passar
No seu térreo movimento.
Depois caía em toalha
Sobre as dobras da cidade;
Caía sobre a mortalha
De ambições e de poalha,
Quase com brutalidade.
O rio, ao lado, corria
A querer fugir do abraço;
Numa vela que se abria,
E onde um sorriso batia,
O mar já era um regaço.
Mas a luz podia mais
Voava mais do que a vela;
E o Tejo e os areais
Tingiam-se dos sinais
De uma doença amarela.
Ardia em brasa o Castelo,
Tinha febre o casario;
Cada vez mais nosso e belo,
O profeta do Restelo
Punha as sombras num navio...
Nas casas da Mouraria,
Doirada, a prostituição
Era só melancolia;
Só longínqua nostalgia
De amor e navegação.
Os heróis verdes da História
Tinham tons de humanidade;
No bronze da sua glória
Avivava-se a memória
Do preço da eternidade.
Nas ruas e avenidas,
Enluaradas de espanto,
Penavam, passavam vidas,
Mas espectrais, diluídas
Na cor maciça do encanto.
E a carne das cantarias,
Branca já de seu condão,
Desmaiava em anemias
De marítimas orgias
De um fado de perdição.
Miguel Torga
pindaro
sexta-feira, junho 02, 2006
Garras dos sentidos
Não quero cantar amores,
Amores são passos perdidos.
São frios raios solares,
Verdes garras dos sentidos.
São cavalos corredores
Com asas de ferro e chumbo,
Caídos nas águas fundas.
Não quero cantar amores.
paraísos proibidos,
contentamentos injustos,
Feliz adversidade,
Amores são passos perdidos.
São demência dos olhares,
Alegre festa de pranto,
São furor obediente,
São frios raios solares.
Da má sorte defendidos
Os homens de bom juízo
Têm nas mãos prodigiosas
Verdes garras dos sentidos.
Não quero cantar amores
Nem falar dos seus motivos.
Agustina Bessa-Luís
pindaro
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