No ar nocturno da paisagem, a estranheza da alma despida do seu vulto. Cartas de amor, letra a letra, para o espirito do lugar, para o desassossego da saudade. Apanhar amores perdidos como se apanham os peixes. Preciso é fio de pesca.
Em todas as ruas te encontro em todas as ruas te perco conheço tão bem o teu corpo sonhei tanto a tua figura que é de olhos fechados que eu ando a limitar a tua altura e bebo a água e sorvo o ar que te atravessou a cintura tanto, tão perto, tão real que o meu corpo se transfigura e toca o seu próprio elemento num corpo que já não é seu num rio que desapareceu onde um braço teu me procura Em todas as ruas te encontro em todas as ruas te perco.
Wine comes in at the mouth And love comes in at the eye; That's all we shall know for truth Before we grow old and die. I lift the glass to my mouth, I look at you, and I sigh.
Si no es el mar, sí es su imagen, su estampa, vuelta, en el cielo. Si no es el mar, sí es su voz delgada, a través del ancho mundo, en altavoz, por los aires. Si no es el mar, sí es su nombre es un idioma sin labios, sin pueblo, sin más palabra que ésta: mar. Si no es el mar, sí es su idea de fuego, insondable, limpia; y yo, ardiendo, ahogándome en ella.
Naviguer : c'est accepter les contraintes que l'on a choisies. C'est un privilège. La plupart des humains subissent les obligations que la vie leur a imposées.
Os homens não amam aquilo que cuidam que amam. Por quê? Ou porque o que amam não é o que cuidam; ou porque amam o que verdadeiramente não há. Quem estima vidros, cuidando que são diamantes, diamantes estima e não vidros; quem ama defeitos, cuidando que são perfeições, perfeições ama, e não defeitos. Cuidais que amais diamantes de firmeza, e amais vidros de fragilidade: cuidais que amais perfeições angélicas, e amais imperfeições humanas. Logo os homens não amam o que cuidam que amam. Donde também se segue, que amam o que verdadeiramente não há; porque amam as coisas, não como são, senão como as imaginam, e o que se imagina, e não é, não o há no mundo.
Terra, minha medida! Com que ternura te encontro Sempre inteira nos sentidos, Sempre redonda nos olhos, Sempre segura nos pés, Sempre a cheirar a fermento! Terra amada! Em qualquer sítio e momento, Enrugada ou descampada, Nunca te desconheci! Berço do meu sofrimento, Cabes em mim, e eu em ti!
Se queres sentir a felicidade de amar, esquece a tua alma. A alma é que estraga o amor. Só em Deus ela pode encontrar satisfação. Não noutra alma. Só em Deus — ou fora do mundo. As almas são incomunicáveis.
Como o que ao deixar a ilha inaudita se exalta com o sonho que se propôs na pérola ardente que o imita. Carles Riba
Encontrava-se na situação daquele pescador de não sei que lenda árabe que, ao tentar afogar-se no meio do oceano, chega a um país submarino onde o fazem rei.
Tudo começa pela parte da ligação entre a noite e a sensualidade, e continua por aí fora nas histórias de correr fado até chegar à água, a da nossa memória, e à outra, a do mar.
A irmandade com o oceano é o sal que no-la dá.
A sua percentagem nele e em nós é a mesma, e que incessantemente assim tenha sido e que assim continuamente venha a ser é o salvo-conduto, o farol das fugidas dos ameaços de quem se governa como pode nas durezas dos amores.
Platão escreveu que víamos no rosto de quem amamos a imagem do deus que nos governa. Convém acrescentar que também nele apercebemos os nossos demónios pessoais...
Não se possui ninguém (mesmo os que pecam não o conseguem) e, sendo a arte a única forma de posse verdadeira, o que importa é recriar um ser e não prendê-lo. Marguerite Yourcenar
As paixões são as seteiras do espírito. O mais prático consiste em dissimular. Corre o risco de perder quem joga jogo aberto. Que a detença do recatado compita com a atenção do advertido; a linces da palavra, sibas de interioridade. Que não lhe conheçam o gosto, para que não se previnam, uns para a contradição, outros para a lisonja.
Gentilhomme de fortune, Corto Maltese ne vas pas chercher l´aventure; elle vient à lui tandis qu´il déambule pour tromper un ennui empreint de nostalgie. Il sait que Une carte marine est bien plus qu´un instrument indispinsable pour aller d´un point à un autre; c´est une gravure, une page d´histoire, parfois un roman d´aventures. Jacques Dupuet
Somos divinos, mas de terrena condição. É essa condição que sabemos, mas não conseguimos aprender. Nesta oposição se gera toda a grandeza do homem e a tragédia que o marcou. Os que se fixam num dos termos são deuses iludidos ou animais que não chegaram a homens. Porque o verdadeiro homem é deus por vocação e animal por necessidade. Vergilio Ferreira
Isto do fácil não há sagrado a que se acolha; Nada defende o que não se defenda, nem pode ser conquistado de nenhum ânimo generoso o que não custa. As dificuldades apetecem por honra, as cousas por vício. (...) Nunca será perfeito galã o que servir por destino ou afeição, mas sim o que se prepare com o espírito. Vai muito o eleger pela luz do entendimento ou o seguir pelas trevas da locura. Sempre se há-de buscar a dama mais atilada que sabe buscar ocasiões para que a conheçam e tirá-las ao tolo para que a ignorem. Não actue logo à primeira. Estude devagar os erros e acertos...
Justine apoiada num fuste de uma coluna de Taposiris, a cabeça negra recortando-se contra a obscuridade murmurante da água, uma mecha desfeita pela brisa marinha, dizendo: Na língua inglesa há uma única expressão que para mim tem significado:Time immemorial. Lawrence Durrel
¿Qué se ama cuando se ama, mi Dios: la luz terrible de la vida o la luz de la muerte? ¿Qué se busca, qué se halla, qué es eso: amor? ¿Quien es? ¿La mujer con su hondura, sus rosas, sus volcanes, o este sol colorado que es mi sangre furiosa cuando entro en ella hasta las últimas raíces?
¿O todo es un gran juego, Dios mío, y no hay mujer ni nombre sino sólo cuerpo: el tuyo, repartido en estrellas de hermosura, en partículas fugaces de eternidad visible?
Me muero es esto, oh Dios, en esta guerra de ir y venir entre ellas por las calles, de no poder amar trescientas a la vez, porque estoy condenado siempre a una, a esa una, a esa única que me diste en el vago paraíso.
É vão acreditar-se- escreveu ela - que o amor possa advir de uma comunhão de espíritos, de pensamentos; é a explosão simultânea de dois espíritos empenhados no acto independente de se expandirem. E a sensação é a de que alguma coisa explodiu dentro deles, silenciosamente. Em torno deste acontecimento, assombrado e apreensivo, o apaixonado ou a apaixonada continua a viver examinando a sua propria experiência; apenas a gratidão cria nela a ilusão de que comunica com o seu amigo, mas é falso, porquanto ele nada lhe deu. O objecto amado é, simplesmente, aquele que viveu uma experiência igual no mesmo instante, como um Narciso; e o desejo de estar junto do objecto amado é devido, em primeiro lugar, não à ideia de possuí-lo, mas, simplesmente, de permitir a comparação entre as duas experiências, como a mesma imagem vista em espelhos diferentes. Tudo isto pode preceder o primeiro olhar, o primeiro beijo, o primeiro contacto; preceder a ambição, o orgulho e a cobiça; preceder as primeiras declarações que assinalam o ponto de viragem - pois a partir daqui o amor degenera em hábito, em posse e ... em solidão.
El mundo de la literatura, el mundo del arte, es el mundo de la perfección. Es el mundo donde la belleza, que es lo que en última instancia le da su independencia, su verdad, su autenticidad, nos enfrenta a la acabado, a lo absolutamente abarcable con el conocimiento, con la conciencia además con una visón esférica que jamás llegamos a tener. Entonces, cuando nosotros regresamos de una gran novela, de ese mundo de ilusión, de ese espejismo, deslumbrante que es el de una ficción lograda que se nos impone como una verdad irresistible a este mundo nuestro, cuál es la reacción natural? El cotejo es inevitable. Y la conclusión de ese cotejo es el de que pequeño es este mundo comparado con ese mundo tan grande, tan rico del que acabamos de salir. Y que feo, mediocre y sórdido es este mundo comparado con ese mundo donde todo aprecia tan bello, incluso las peores aspectos de la condición humana, las manifestaciones más sombrías, tétricas, crueles de lo que es el hombre tenia un encanto que el escritor, el creador había conseguido impregnarle, que a nosotros nos lo hacia aceptable, incluso emocionante y por lo tanto bello.
Habré de levantar la vasta vida que aún ahora es tu espejo: cada mañana habré de reconstruirla. Desde que te alejaste, cuántos lugares se han tornado vanos y sin sentido, iguales a luces en el día. Tardes que fueron nicho de tu imagen, músicas en que siempre me aguardabas, palabras de aquel tiempo, yo tendré que quebrarlas con mis manos. ¿En qué hondonada esconderé mi alma para que no vea tu ausencia que como un sol terrible, sin ocaso, brilla definitiva y despiadada? Tu ausencia me rodea como la cuerda a la garganta, el mar al que se hunde.
No me fío de la rosa de papel, tantas veces que la hice yo con mis manos. Ni me fío de la otra rosa verdadera, hija del sol y sazón, la prometida del viento. De ti que nunca te hice, de ti que nunca te hicieron, de ti me fío, redondo seguro azar.
Nesse theatrum mundi os homens e as mulheres perseguem-se mutuamente, tentando conquistar um sentido de centralidade e escapar ao aborrecido anonimato da sua condição social pela ilusão de um momento sexual privilegiado.
Se o ciúme nasce do intenso amor, quem não sente ciúmes pela amada não é amante, ou ama de coração ligeiro, de modo que se sabe de amantes os quais, temendo que o seu amor se atenue, o alimentam procurando a todo o custo razões de ciúme. Portanto o ciumento (que porém quer ou queria a amada casta e fiel) não quer nem pode pensá-la senão como digna de ciúme, e portanto culpada de traição, atiçando assim no sofrimento presente o prazer do amor ausente. Até porque pensar em nós que possuímos a amada longe - bem sabendo que não é verdade - não nos pode tornar tão vico o pensamento dela, do seu calor, dos seus rubores, do seu perfume, como o pensar que desses mesmos dons esteja afinal a gozar um Outro: enquanto da nossa ausência estamos seguros, da presença daquele inimigo estamos, se não certos, pelo menos não necessariamente inseguros. O contacto amoroso, que o ciumento imagina, é o único modo em que pode representar-se com verosimilhança um conúbio de outrem que, se não indubitável, é pelo menos possível, enquanto o seu próprio é impossível. Assim o ciumento não é capaz, nem tem vontade, de imaginar o oposto do que teme, aliás só pode obter o prazer ampliando a sua própria dor, e sofrer pelo ampliado prazer de que se sabe excluído. Os prazeres do amor são males que se fazem desejar, onde coincidem a doçura e o martírio, e o amor é involuntária insânia, paraíso infernal e inferno celeste - em resumo, concórdia de ambicionados contrários, riso doloroso e friável diamante.