sábado, dezembro 31, 2011
Se hace camino al andar..."
Todo pasa y todo queda,
pero lo nuestro es pasar,
pasar haciendo caminos,
caminos sobre el mar.
Nunca persequí la gloria,
ni dejar en la memoria
de los hombres mi canción;
yo amo los mundos sutiles,
ingrávidos y gentiles,
como pompas de jabón.
Me gusta verlos pintarse
de sol y grana, volar
bajo el cielo azul, temblar
súbitamente y quebrarse...
Nunca perseguí la gloria.
Caminante, son tus huellas
el camino y nada más;
caminante, no hay camino,
se hace camino al andar.
Al andar se hace camino
y al volver la vista atrás
se ve la senda que nunca
se ha de volver a pisar.
Caminante no hay camino
sino estelas en la mar...
Hace algún tiempo en ese lugar
donde hoy los bosques se visten de espinos
se oyó la voz de un poeta gritar
"Caminante no hay camino,
se hace camino al andar..."
Golpe a golpe, verso a verso...
Murió el poeta lejos del hogar.
Le cubre el polvo de un país vecino.
Al alejarse le vieron llorar.
"Caminante no hay camino,
se hace camino al andar..."
Golpe a golpe, verso a verso...
Cuando el jilguero no puede cantar.
Cuando el poeta es un peregrino,
cuando de nada nos sirve rezar.
"Caminante no hay camino,
se hace camino al andar..."
Golpe a golpe, verso a verso.
Antonio Machado
pindaro
Conquistemos a Distancia
sexta-feira, dezembro 30, 2011
O inferno da história única
Manual de avaliação do amor da amante
Para avaliar o amor da vossa amante, lembrai-vos:
1º - De que, quanto mais prazer físico entrou na base do vosso amor, no que noutros tempos determinou a intimidade, tanto mais ele está sujeito à infidelidade. Isto aplica-se sobretudo aos amores cuja cristalização foi favorecida pelo fogo da juventude, aos dezasseis anos.
2º - De que o amor de duas pessoas que amam não é quase nunca o mesmo. O amor-paixão tem as suas fases durante as quais, e sucessivamente, um dos dois ama mais que o outro. Muitas vezes a simples galanteria ou o amor de vaidade responde ao amor-paixão, e é sobretudo a mulher que ama com exaltação. Qualquer que seja o amor sentido por um dos dois amantes, a partir do momento em que sente cíumes, exige do outro que preencha as condições do amor-paixão; a vaidade simula nele todas as necessidades de um coração terno.
Finalmente, nada aborrece tanto o amor-gosto como a existência do amor-paixão no outro ou outra.
Muitas vezes um homem de espírito, ao fazer a corte a uma mulher, não consegue senão fazê-la pensar no amor e enternecer-lhe a alma. Ela recebe bem este homem que lhe dá um tal prazer. Ele começa a alimentar esperanças. Um belo dia essa mulher encontra o homem que lhe faz sentir o que o outro lhe descreveu.
Stendhal
pindaro
Que mal me tirará o que eu não tenho
A invisibilidade do visível.
quinta-feira, dezembro 29, 2011
But a rage to live
quarta-feira, dezembro 28, 2011
Viajante
terça-feira, dezembro 27, 2011
As proas giram sozinhas...
No desequilíbrio dos mares,
as proas giram sozinhas...
Numa das naves que afundaram
é que certamente tu vinhas.
Eu te esperei todos os séculos
sem desespero e sem desgosto,
e morri de infinitas mortes
guardando sempre o mesmo rosto
Quando as ondas te carregaram
meu olhos, entre águas e areias,
cegaram como os das estátuas,
a tudo quanto existe alheias.
Minhas mãos pararam sobre o ar
e endureceram junto ao vento,
e perderam a cor que tinham
e a lembrança do movimento.
E o sorriso que eu te levava
desprendeu-se e caiu de mim:
e só talvez ele ainda viva
dentro destas águas sem fim.
Cecília Meireles
as proas giram sozinhas...
Numa das naves que afundaram
é que certamente tu vinhas.
Eu te esperei todos os séculos
sem desespero e sem desgosto,
e morri de infinitas mortes
guardando sempre o mesmo rosto
Quando as ondas te carregaram
meu olhos, entre águas e areias,
cegaram como os das estátuas,
a tudo quanto existe alheias.
Minhas mãos pararam sobre o ar
e endureceram junto ao vento,
e perderam a cor que tinham
e a lembrança do movimento.
E o sorriso que eu te levava
desprendeu-se e caiu de mim:
e só talvez ele ainda viva
dentro destas águas sem fim.
Cecília Meireles
pindaro
segunda-feira, dezembro 26, 2011
Só para não dizer que não vim
Servir um acepipe um tudo nada sediço, mas condimentado com o saboroso perrexil dos afectos.
Não se trata de narcisização destemperada, pois estava a bom resguardo no escrínio onde descansam as provas de apreço e as lembranças dos meus gregotins literários.
A voz cariciosa impele, todavia, a titubeante pluma, esfarrapada por brutas intempéries, às suas garabulhas.
Os atavios, com enfeites de gala e festa, tombam, rajados pelo pico da maresia salina.
Vim, só para não dizer que não vim.
E também para dizer a ela , como o mestre diogo bernardes em o Lima:
"Não te darei ouriços espinhosos, sabes, Ninfa, por quê? Porque receio que piquem esses teus dedos mimosos."
D. Júlio
Das linhas e dos traços
Não há rosto que não envolva uma paisagem desconhecida, inexplorada, não há paisagem que não seja povoada por um rosto amado ou sonhado, que não desenvolva um rosto por vir ou já passado. Que rosto não chamou as paisagens que amalgamava, o mar e a montanha, que paisagem não evocou o rosto que a teria completado, que lhe teria fornecido o complemento inesperado das suas linhas e dos seus traços?
Gilles Deleuze
pindaro
domingo, dezembro 25, 2011
Uma conversação de amigos bem acostumados
Aqui ofereço a V. Excelência uma conversação de amigos bem acostumados, umas noites de Inverno melhor gastadas que as que se passam em outros exercícios prejudiciais à vida e consciência; finalmente uma Corte que, como bonina do mato, a que falta o cheiro e a brandura das dos jardins, ainda que na aparência e cores a queira contrafazer, é contudo diferente. Se os ditos destes aldeãos cheirarem a Corte, acreditarão o título do livro, e, se souberem ao monte, também nele se confessa por Corte da Aldeia.
Francisco Roíz Lobo
pindaro
sábado, dezembro 24, 2011
Quando um ramo de doze badaladas
Quando um ramo de doze badaladas
se espalhava nos móveis e tu vinhas
solstício de mel pelas escadas
de um sentimento com nozes e com pinhas,
menino eras de lenha e crepitavas
porque do fogo o nome antigo tinhas
e em sua eternidade colocavas
o que a infância pedia às andorinhas.
Depois nas folhas secas te envolvias
de trezentos e muitos lerdos dias
e eras um sol na sombra flagelado.
O fel que por nós bebes te liberta
e no manso natal que te conserta
só tu ficaste a ti acostumado.
Natália Correia
pindaro
sexta-feira, dezembro 23, 2011
Julgando-o um lago
Sê-me flor!
quinta-feira, dezembro 22, 2011
Tomai polme a ferver de ilhoa irada
Tomai-me as ancas fartas dão para égua
e as açucenas que ainda são mamudas.
Dos olhos tomai pranto, é boa rega,
já que a chorar por vós vos dei fartura.
Dos ouvidos, silvos que os ocuparam
tomai que até farelo pus em música.
Calo a farinha. Anjos a trituraram.
De agro celeste, o grão não mói a Musa.
De árduos sentidos que chamais pecados
tomai só os mortais. Dão uma récua.
Dos imortais nem um que são velados
por vapores de alvorada paraclética.
Tomai riso também se quereis folia:
mete rabeca e balho o Sprito Santo.
Nos fúlgidos milagres da pombinha
embuça-se o divino no profano.
Tomai polme a ferver de ilhoa irada,
mesmo o coice que dá depois de morta.
Eu deito fogo para não ser queimada.
Mas serva e cerva sou por trás da porta.
Tomai gestos que são dos sete palmos
e para vermes eu não ponho a rubrica.
De publicar-me em pó estais perdoados.
Devo-me eterna vendida em hasta pública.
Traficantes de peles, à puridade
vos digo: só mentira arrecadais.
Porque tal como o lótus, a verdade
vos dou na comunhão que não tomais.
Natália Correia
pindaro
Em qualquer sítio e momento
Terra, minha medida!
Com que ternura te encontro
Sempre inteira nos sentidos,
Sempre redonda nos olhos,
Sempre segura nos pés,
Sempre a cheirar a fermento!
Terra amada!
Em qualquer sítio e momento,
Enrugada ou descampada,
Nunca te desconheci!
Berço do meu sofrimento,
Cabes em mim, e eu em ti!
Miguel Torga
pindaro
quarta-feira, dezembro 21, 2011
A água implícita
terça-feira, dezembro 20, 2011
O lascivo e doce passarinho
Está o lascivo e doce passarinho
Com o biquinho as penas ordenando;
O verso sem medidas, alegre e brando,
Expedindo no rústico raminho.
O cruel caçador, que do caminho
Se vem calado e manso desviando,
Na pronta vista a seta endireitando,
Lhe dá no estígio lago eterno ninho.
Desta arte o coração, que livre andava
(Pôsto que já de longe destinado),
Onde menos temia, foi ferido.
Porque o Frecheiro cego me esperava,
Para que me tomasse descuidado,
Em vossos claros olhos escondido.
Luís de Camões
pindaro
Thaumasia
"Asombro" (thaumasía). Parece que fue esta extrañeza ante los misterios del mundo, ante la armonía de los astros, ante la luz y la belleza que podían mostrarnos, lo que provocaba ese asombro. Asombrarse suponía descubrir lo "otro" y saber establecer esa distancia que nos permite entender. Si vivimos saturados de entorno, aplastados de noticias que no queremos o no podemos discernir; si no sabemos intuir esa lejanía necesaria para mirar, para entrever, incluso para tocar lo que nos rodea, estamos en el camino, en el mal camino, de perder la sensibilidad y, por supuesto, la inteligencia. Fue el asombro, la distancia, el no querer dar por hecho nada de lo que observábamos, lo que originó, decían los griegos, la filosofía, o sea, la curiosidad, el apego, la necesidad y la pasión por entender y entendernos.
Emilio Lledó
pindaro
segunda-feira, dezembro 19, 2011
Um resplendor de chama
Those sweet excesses that I do adore
Beloved,
In what other lives or lands
Have I known your lips
Your Hands
Your Laughter brave
Irreverent.
Those sweet excesses that
I do adore.
What surety is there
That we will meet again,
On other worlds some
Future time undated.
I defy my body's haste.
Without the promise
Of one more sweet encounter
I will not deign to die.
Maya Angelou
Pindaro
Rituais do indecifrável
domingo, dezembro 18, 2011
Largar a presa pela sombra
Eu sou insaciável; mal um desejo surge, outro desponta, e em mim há sempre latente a febre do sonho e do desejo, e quando possuo alguma coisa de infinitamente consolador, como é a sua amizade, desejo mais, mais ainda, mais sempre! Conhece-se em mim o afecto, o amor, a ternura por um egoísmo implacável que quer tornar muito meus, e só meus, os corações que se me dedicam um pouco. Dá isto muitas vezes o resultado de me suceder o mesmo que sucedeu ao cão que largou a presa pela sombra, pois querendo muito, muito perdeu.
Florbela Espanca
pindaro
sábado, dezembro 17, 2011
Este instante fugidío
sexta-feira, dezembro 16, 2011
Preciso é fio de pesca
quinta-feira, dezembro 15, 2011
Tómate esta botella conmigo
Tómate esta botella conmigo
en el último trago nos vamos
quiero ver a qué sabe tu olvido
sin poner en mis ojos tus manos
Esta noche no voy a rogarte
Esta noche te vas que de veras
que difícil trata de olvidarte
y que sienta que ya no me quieras
Nada me han enseñado los años
siempre caigo en los mismos errores
otra vez a brindar con extraños
y a llorar por los mismos dolores
Tómate esta botella conmigo
en el último trago me dejas
esperamos que no haya testigos
por si acaso te diera vergüenza
Si algún día sin querer tropezamos
no te agaches ni me hables de frente
simplemente la mano nos damos
y después que murmure la gente
Nada me han enseñado los años...
Tomate esta botella conmingo
Y en el último trago nos vamos.
Chavela Vargas
pindaro
Y el mirar en contentamiento
¿Y qué mayor contentamiento en este mundo para la vista que ver una gentil dama? ¿Ni qué mayor alegría de pensamiento que veros servidor de quien os haze tan señor? No parece el señor ser tan señor ni el cavallero tan cavallero, sino serviendo las damas con tales servicios, que el trabajo se convierta en descanso y el mirar en contentamiento, y el pensar en alegría.
Don Luys Milán
pindaro
quarta-feira, dezembro 14, 2011
Se elevaba hacia la luna
Todas las rosas blancas de la luna caían,
por la ventana abierta, en el cuerpo desnudo ...
Mirando aquellas carnes blandas que florecían,
hundido entre mis sueños, yo estaba absorto y mudo.
Oh su sexo con luna! ¡Esencia indefinible
de su sexo con luna! Hervían los blancores
de la carne, y el rostro, perdido en lo invisible
de la penumbra, lánguido, cerraba sus colores.
Era el enervamiento del dolor ... Y cual una
rosa de treinta años, opulenta y desierta,
el cuerpo blanco se elevaba hacia la luna
frío, espectral, azul, como una pompa muerta ...
Juan Ramón Jiménez
pindaro
La tesitura
terça-feira, dezembro 13, 2011
El toreo no engaña
O instante que te unisse
Lembra-te que sam molheres
segunda-feira, dezembro 12, 2011
Manobras e combinações
domingo, dezembro 11, 2011
sábado, dezembro 10, 2011
Ave estroina serei em mãos sedentas
Nada a fazer, amor, eu sou do bando
Impermanente das aves friorentas;
E nos galhos dos anos desbotando
Já as folhas me ofuscam macilentas;
E vou com as andorinhas. Até quando?
À vida breve não perguntes: cruentas
Rugas me humilham. Não mais em estilo brando
Ave estroina serei em mãos sedentas.
Pensa-me eterna que o eterno gera
Quem na amada o conjura. Além, mais alto,
Em ileso beiral, aí espera:
Andorinha indemne ao sobressalto
Do tempo, núncia de perene primavera.
Confia. Eu sou romântica. Não falto.
Natália Correia
pindaro
sexta-feira, dezembro 09, 2011
A disponibilidade para o extraordinário
quinta-feira, dezembro 08, 2011
There are three conditions
There are three conditions which often look alike
Yet differ completely, flourish in the same hedgrow:
Attachment to self and to things and to persons, detachment
From self and from things and from persons: and, growing
between them, indifference
Which resembles the others as death resembles life
T.S.Eliot
pindaro
quarta-feira, dezembro 07, 2011
Comme une nudité
terça-feira, dezembro 06, 2011
As coisas só belas
Os homens que têm a mania das mulheres
Os homens que têm a mania das mulheres dividem-se facilmente em duas categorias. Uns procuram em todas as mulheres a ideia que eles próprios têm da mulher tal como ela lhe aparece em sonhos, o que é algo de subjectivo e sempre igual. Aos outros, move-os o desejo de se apoderarem da infinita diversidade do mundo feminino objectivo.
A obsessão dos primeiros é uma obsessão lírica; o que procuram nas mulheres não é senão eles próprios, não é senão o seu próprio ideal, mas, ao fim e ao cabo, apanham sempre uma grande desilusão, porque, como sabemos, o ideal é precisamente o que nunca se encontra. Como a desilusão que os faz andar de mulher em mulher dá, ao mesmo tempo, uma espécie de desculpa melodramática à sua inconstância, não poucos corações sensíveis acham comovente a sua perseverante poligamia.
A outra obsessão é uma obsessão épica e as mulheres não vêem nela nada de comovente: como o homem não projecta nas mulheres um ideal subjecitvo, tudo tem interesse e nada pode desiludi-lo. E esta impossibilidade de desilusão encerra em si algo de escandaloso. Aos olhos do mundo, a obsessão do femeeiro épico não tem remissão (porque não é resgatada pela desilusão).
Milan Kundera
pindaro
segunda-feira, dezembro 05, 2011
Chama-se "instante"
Vês este pórtico? Tem duas faces. Reúnem-se aqui dois caminhos e ninguèm ainda os percorreu até ao fim. Esta longa rua que desce, é uma rua que se prolonga durante uma eternidade e esta longa rua que sobe - é outra eternidade. Estes caminhos contradizem-se, chocam um com o outro. E é aqui, neste pórtico que eles se encontram. O nome do pórtico está inscrito na sua fachada, chama-se «instante».
Friedrich Nietzsche
pindaro
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