quarta-feira, abril 30, 2008
Sempre inteira
Aprendi com as Primaveras a me deixar cortar
para poder voltar sempre inteira.
Cecília Meireles
pindaro
Coup de foudre
Como esa...
...Y es ella dulce y rosa y muerde y besa;
y es una boca rosa, fresa;
y Amor no ha visto boca como esa...
Ruben Dario
pindaro
Sin conocerte
Amarra tu corazón al mío
De noche, amada, amarra tu corazón al mío
y que ellos en el sueño derroten las tinieblas
como un doble tambor combatiendo en el bosque
contra el espeso muro de las hojas mojadas.
Nocturna travesía, brasa negra del sueño
interceptando el hilo de las uvas terrestres
con la puntualidad de un tren descabellado
que sombra y piedras frías sin cesar arrastrara.
Por eso, amor, amárrame el movimiento puro,
a la tenacidad que en tu pecho golpea
con las alas de un cisne sumergido,
para que a las preguntas estrelladas del cielo
responda nuestro sueño con una sola llave,
con una sola puerta cerrada por la sombra.
Pablo Neruda
pindaro
O fugaz e o duradoiro
Le plaisir étant éphémère, et le désir durable, les hommes sont plus facilement menés par le désir que par le plaisir.
Gustave Le Bon
pindaro
terça-feira, abril 29, 2008
Sans les rouvrir
Tes beaux yeux sont las, pauvre amante!
Reste longtemps, sans les rouvrir,
Dans cette pose nonchalante
Où ta surprise le plaisir.
Charles Baudelaire
pindaro
La fuite du temps
Distante e preservada na distância
Tens agora outro rosto, outra beleza:
Um rosto que é preciso imaginar,
E uma beleza mais furtiva ainda...
Assim te modelaram caprichosas,
Mãos irreais que tornam irreal
O barro que nos foge da retina.
Barro que em ti passou de luz carnal
A bruma feminina...
Mas nesse novo encanto
Te conjuro
Que permaneças.
Distante e preservada na distância.
Olímpica recusa, disfarçada
De terrena promessa
Feita aos olhos tentados e descrentes.
Nenhum mito regressa....
Todas as deusas são mulheres ausentes...
Miguel Torga
pindaro
Hay que pedírsela
A todas las mujeres hay que pedírsela, porque la que no te lo da, te lo agradece.
Porfirio Rubirosa
pindaro
segunda-feira, abril 28, 2008
Isso pude
She walks in beauty
She walks in beauty, like the night
Of cloudless climes and starry skies;
And all that`s best of dark and bright
Meet in her aspect and her eyes:
Thus mellowed to that tender light
Which Heaven to gaudy day denies.
One shade the more, one ray the less,
Had half impaired the nameless grace
Which waves in every raven tress,
Or softly lightens o`er her face;
Where thoughts serenely sweet express
How pure, how dear their dwelling-place.
And on that cheek, and o`er that brow,
So soft, so calm, yet eloquent,
The smiles that win, the tints that glow,
But tell of days in goodness spent,
A mind at peace with all below,
A heart whose love is innocent!
Lord Byron
pindaro
La essencia secreta
Soslaio
domingo, abril 27, 2008
Le signe du silence
Noche
Noche, fabricadora de embelecos,
loca, imaginativa, quimerista,
que muestras al que en ti su bien conquista
los montes llanos y los mares secos;
habitadora de cerebros huecos,
mecánica, filósofa, alquimista,
encubridora vil, lince sin vista,
espantadiza de tus mismos ecos:
la sombra, el miedo, el mal se te atribuya,
solícita, poeta, enferma, fría,
manos del bravo y pies del fugitivo.
Que vele o duerma, media vida es tuya:
si velo, te lo pago con el día,
y si duermo, no siento lo que vivo.
Lope de Vega
pindaro
sábado, abril 26, 2008
"O amor quer-se batido"
Como um amor na boca
... na distância viva do não-lugar onde se conjugam todas as esperanças, onde se exprime a paixão de um centro, de uma silenciosa intensidade e de um obscuro sabor. Como um amor na boca onde o corpo vai mais depressa que o pensamento.
Pascal Fleury
pindaro
sexta-feira, abril 25, 2008
Não podes?
Escreve para ti, que neste momento entras na sala e ficas por momentos encostada à ombreira da porta, do outro lado da luz, olhando-o. E tu que portanto não és estas letras, como que por dentro delas nasces como se nas conchas da espuma nascesses das águas, como se, ligeiramente inclinada, a custo, começasses a surgir do lado direito do écran, ou estivesses antes ao centro, em grande plano, com olhar velado ou mesmo cega; de qualquer modo como se olhasses para onde não podes olhar. Não podes?
Manuel Gusmão
pindaro
quinta-feira, abril 24, 2008
A luz dos mistérios
Os mistérios, quando são muito maliciosos, escondem-se na luz.
Jean Giono
Pindaro
Bel emploi
Jogo de forças
Porque mostar amor a quem nos não ama rebaixa-nos a um nível de degradação. E a degradação só nos dá lástima e repulsa. A única possibilidade de se ser amado por quem nos não ama é parecer que se não ama. Então não se desce e assim o outro não sobe. E então, porque não sobe, ele tem menos apreço por si, ou seja, mais apreço pelo amante. O jogo do amor é um jogo de forças. Quanto mais se ama mais fraco se é. E em todas as situações a compaixão tem um limite. Abaixo de um certo grau a compaixão acaba e a repugnância começa. Assim, quanto mais se ama mais se baixa na escala para quem ao amor não corresponde.
Vergílio Ferreira
pindaro
Os prestígios do espírito
O erotismo é conceder ao corpo os prestígios do espírito.
Georges Perros
Pindaro
Bilhetando Hilária, polpuda e licorosa, em ambiente de penumbra
A carícia é o produto de um longo polimento da bestialidade.
Pierre Reverdy
pindaro
quarta-feira, abril 23, 2008
Uma bela noite que ali vai
Os primeiros frios
terça-feira, abril 22, 2008
Uma coisa interessante
Nos ares certos do tempo
Basta-me um pequeno gesto,
feito de longe e de leve,
para que venhas comigo
e eu para sempre te leve...
- mas só esse eu não farei.
Uma palavra caída
das montanhas dos instantes
desmancha todos os mares
e une as terras mais distantes...
- palavra que não direi.
Para que tu me adivinhes,
entre os ventos taciturnos,
apago meus pensamentos,
ponho vestidos noturnos,
- que amargamente inventei.
E, enquanto não me descobres,
os mundos vão navegando
nos ares certos do tempo,
até não se sabe quando...
e um dia me acabarei.
Cecília Meireles
PINDARO
segunda-feira, abril 21, 2008
Padecer os danos
Quatro ignorâncias podem concorrer em um amante, que diminuam muito a perfeição e merecimento de seu amor. Ou porque não se conhecesse a si: ou porque não conhecesse a quem amava: ou porque não conhecesse o amor: ou porque não conhecesse o fim onde há-de parar, amando. Se não se conhecesse a si, talvez empregaria o seu pensamento onde o não havia de pôr, se se conhecera. Se não conhecesse a quem amava, talvez quereria com grandes finezas a quem havia de aborrecer, se o não ignorara. Se não conhecesse o amor, talvez se empenharia cegamente no que não havia de empreender, se o soubera. Se não conhecesse o fim em que havia de parar, amando, talvez chegaria a padecer os danos a que não havia de chegar se os previra.
Padre António Vieira
pindaro
Como um navio sobre o mar
Deixa-te estar na minha vida
Como um navio sobre o mar.
Se o vento sopra e rasga as velas
E a noite é gélida e comprida
E a voz ecoa das procelas,
Deixa-te estar na minha vida.
Se erguem as ondas mãos de espuma
Aos céus, em cólera incontida,
E o ar se tolda e cresce a bruma,
Deixa-te estar na minha vida.
À praia, um dia, erma e esquecida,
Hei, com amor, de te levar.
Deixa-te estar na minha vida.
Como um navio sobre o mar.
João Cabral do Nascimento
pindaro
Amarga e doce
Minha laranja amarga e doce
meu poema
feito de gomos de saudade
minha pena
pesada e leve
secreta e pura
minha passagem para o breve breve
instante da loucura.
Minha ousadia
meu galope
minha rédea
meu potro doido
minha chama
minha réstia
de luz intensa
de voz aberta
minha denúncia do que pensa
do que sente a gente certa.
Em ti respiro
em ti eu provo
por ti consigo
esta força que de novo
em ti persigo
em ti percorro
cavalo à solta
pela margem do teu corpo.
Minha alegria
minha amargura
minha coragem de correr contra a ternura.
Por isso digo
canção castigo
amêndoa travo corpo alma amante amigo
por isso canto
por isso digo
alpendre casa cama arca do meu trigo.
Meu desafio
minha aventura
minha coragem de correr contra a ternura.
J. C. Ary dos Santos
pindaro
domingo, abril 20, 2008
De frente y gustoso
Qué tristeza este pasar
el caudal de cada día
(vueltas arriba y abajo!),
por el puente de la noche
(vueltas abajo y arriba!),
al otro sol!
Quién supiera
dejar el manto, contento,
en las manos del pasado;
no mirar más lo que fue;
entrar de frente y gustoso,
todo desnudo, en la libre
alegría del presente!
Juan Ramón Jiménez
pindaro
Le grand point
Everness
Sólo una cosa no hay. Es el olvido.
Dios, que salva el metal, salva la escoria
Y cifra en Su profética memoria
Las lunas que serán y las que han sido.
Ya todo está. Los miles de reflejos
Que entre los dos crepúsculos del día
Tu rostro fue dejando en los espejos
Y los que irá dejando todavía.
Y todo es una parte del diverso
Cristal de esa memoria, el universo;
No tienen fin sus arduos corredores
Y las puertas se cierran a tu paso;
Sólo del otro lado del ocaso
Verás los Arquetipos y Esplendores.
jorge luis borges
pindaro
Adieu tristesse
Adieu tristesse
bonjour tristesse
Tu es inscrite dans les lignes du plafond,
tu es inscrite dans les yeux que j’aime
tu n’es pas tout à fait la misère
car les lèvres les plus pauvres te dénoncent
Par un sourire
Bonjours tristesse
amour des corps aimables
puissance de l´amour
dont l´amablité surgit
comme un monstre sans corps
tête desappointé
tristesse beau visage
Paul Eluard
pindaro
Silenciosamente
É vão acreditar-se - escreveu ela - que o amor possa advir de uma comunhão de espíritos, de pensamentos; é a explosão simultânea de dois espíritos empenhados no acto independente de se expandirem. E a sensação é a de que alguma coisa explodiu dentro deles, silenciosamente. Em torno deste acontecimento, assombrado e apreensivo, o apaixonado ou a apaixonada continua a viver examinando a sua propria experiência; apenas a gratidão cria nela a ilusão de que comunica com o seu amigo, mas é falso, porquanto ele nada lhe deu. O objecto amado é, simplesmente, aquele que viveu uma experiência igual no mesmo instante, como um Narciso; e o desejo de estar junto do objecto amado é devido, em primeiro lugar, não à ideia de possuí-lo, mas, simplesmente, de permitir a comparação entre as duas experiências, como a mesma imagem vista em espelhos diferentes. Tudo isto pode preceder o primeiro olhar, o primeiro beijo, o primeiro contacto; preceder a ambição, o orgulho e a cobiça; preceder as primeiras declarações que assinalam o ponto de viragem - pois a partir daqui o amor degenera em hábito, em posse e ... em solidão.
Lawrence Durrel
Justine
pindaro
A alma entrelaçada dos indescritíveis
Que canto há de cantar o que perdura?
A sombra, o sonho, o labirinto, o caos
A vertigem de ser, a asa, o grito.
Que mitos, meu amor, entre os lençóis:
O que tu pensas gozo é tão finito
E o que pensas amor é muito mais.
Como cobrir-te de pássaros e plumas
E ao mesmo tempo te dizer adeus
Porque imperfeito és carne e perecível
E o que eu desejo é luz e imaterial.
Que canto há de cantar o indefinível?
O toque sem tocar, o olhar sem ver
A alma, amor, entrelaçada dos indescritíveis.
Como te amar, sem nunca merecer?
Hilda Hist
pindaro
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