quarta-feira, março 31, 2010
Les idées scandaleuses
Les idées scandaleuses sont de vieilles rengaines qui passent inaperçues en s'abritant sous des habitudes.
Marcel Aymé
pindaro
Com o relento de um sentimento
A ordem das coisas
terça-feira, março 30, 2010
O amador na cousa amada
Transforma-se o amador na cousa amada,
Por virtude do muito imaginar;
Não tenho logo mais que desejar,
Pois em mim tenho a parte desejada.
Se nela está minha alma transformada,
Que mais deseja o corpo de alcançar?
Em si sómente pode descansar,
Pois consigo tal alma está liada.
Mas esta linda e pura semideia,
Que, como o acidente em seu sujeito,
Assim co'a alma minha se conforma,
Está no pensamento como ideia;
[E] o vivo e puro amor de que sou feito,
Como matéria simples busca a forma.
Luís de Camões
pindaro
Mon silence sonore
Tu es venue plus haute au fond de ma douleur
Que l'arbre séparé de la forêt sans air
Et le cri du chagrin du doute s'est brisé
Devant le jour de notre amour
Gloire l'ombre et la honte ont cédé au soleil
Le poids s'est allégé le fardeau s'est fait rire
Gloire le souterrain est devenu sommet
La misère s'est effacée
La place d'habitude où je m'abêtissais
Le couloir sans réveil l'impasse et la fatigue
Se sont mis à briller d'un feu battant des mains
L'éternité s'est dépliée
O toi mon agitée et ma calme pensée
Mon silence sonore et mon écho secret
Mon aveugle voyante et ma vue dépassée
Je n'ai plus eu que ta présence
Tu m'as couvert de ta confiance.
Paul Éluard
pindaro
A simples constatação
Num nada de sal
D'une voix rauque et douce
Tu subiras éternellement l'influence de mon baiser. Tu seras belle à ma manière. Tu aimeras ce que j'aime et ce qui m'aime: l'eau, les nuages, le silence et la nuit; la mer immense et verte; l'eau uniforme et multiforme; le lieu où tu ne seras pas; l'amant que tu ne connaîtras pas; les fleurs monstrueuses; les parfums qui font délirer; les chats qui se pâment sur les pianos et qui gémissent comme les femmes, d'une voix rauque et douce!
Charles Baudelaire
pindaro
segunda-feira, março 29, 2010
A leviana melodia
Feito de pó e tempo, o homem dura menos que a leviana melodia.
Jrge luis Borges
pindaro
Beijo beijado
Não falo de palavras, nem de goivos,
mas de horas atadas ao pescoço.
Poema verdadeiro é sermos noivos:
saber tirar a pele e o caroço
ao grito entre a morte e outra morte
que nos mantenha lassos e despertos
até que venha o talhe que nos corte
e nos retire os poços e desertos.
Por isso, meu amor, o que te dou,
beijo beijado em corpo claro e vivo,
é mais que o verso que te dizem, ou
aliterante, agudo ou conjuntivo.
Colado a tudo, mesmo a contragosto,
o rio inventa o verso, e não assim
como se ao espelho visse o próprio rosto,
mas tu além-palavra, ao pé de mim.
Pedro Tamen
pindaro
Ton mystère calme et charmant.
Voici l'heure bientôt. Derrière la colline
je vois le soleil qui décline
Et cache ses rayons jaloux ...
J'entends chanter l'âme des choses
Et les narcisses et les roses
M'apportent des parfums plus doux!
Chére nuit aux clartés sereines
Toi que ramènes le tendre amant
Ah! descends et voile la terre
De ton mystère calme et charmant.
Mon bonheur renaît sous ton aile
O nuit plus belle que les beaux jours:
Ah! lève-toi pour faire encore
Briller l'aurore de mes amours?
Eugène Adénis-Colombeau
pindaro
Writing
domingo, março 28, 2010
Moviéndose por territorio enemigo
O começo da escrita
sábado, março 27, 2010
Um apetite voraz
sexta-feira, março 26, 2010
Plus ou moins coupables
quinta-feira, março 25, 2010
Um misticismo que quer praticar-se
O amor quer a posse, mas não sabe o que é a posse. Se eu não sou meu, como serei teu, ou tu minha? Se não possuo o meu próprio ser, como possuirei um ser alheio? Se sou diferente daquele de quem sou idêntico, como serei idêntico daquele de quem sou diferente?
O amor é um misticismo que quer praticar-se, uma impossibilidade que só é sonhada como devendo ser realizada.
Bernardo Soares
pindaro
quarta-feira, março 24, 2010
Um resplendor de chama
terça-feira, março 23, 2010
O que te quero dizer
Pergunta-me
se ainda és o meu fogo
se acendes ainda
o minuto de cinza
se despertas
a ave magoada
que se queda
na árvore do meu sangue
Pergunta-me
se o vento não traz nada
se o vento tudo arrasta
se na quietude do lago
repousaram a fúria
e o tropel de mil cavalos
Pergunta-me
se te voltei a encontrar
de todas as vezes que me detive
junto das pontes enevoadas
e se eras tu
quem eu via
na infinita dispersão do meu ser
se eras tu
que reunias pedaços do meu poema
reconstruindo
a folha rasgada
na minha mão descrente
Qualquer coisa
pergunta-me qualquer coisa
uma tolice
um mistério indecifrável
simplesmente
para que eu saiba
que queres ainda saber
para que mesmo sem te responder
saibas o que te quero dizer
Mia Couto
pindaro
A arte do romance
Tal como a medicina ensina também os venenos, a metafísica perturba com importunas subtilezas os dogmas da religião, a ética recomenda a magnificência (que não convém a todos), a astrologia patrocina a superstição, a óptica engana, a música fomenta os amores, a geometria encoraja o injusto domínio, e a matemática a avareza - assim a Arte do Romance, embora advertindo-nos de que nos fornece ficções, abre uma porta no Palácio do Absurdo, que ao ser ultrapassada por ligeireza, se fecha atrás das nossas costas.
Umberto Eco
pindaro
Costurando o tempo
segunda-feira, março 22, 2010
Las desenganã
Ou numa terra nua
No lugar próprio
domingo, março 21, 2010
Depois do mais que me dera
Vem aí a Primavera
diz-me sempre a tua boca
depois do mais que me dera
o que vem é coisa pouca
Olha o Verão que já não tarda
diz-me à tarde o teu peito
por mais frutos que ele traga
não há nenhum tão perfeito
Oiço os passos do Outono
dizem-me à noite os teus braços
o que mais ambiciono
é ouvir só os teus passos
O Inverno há-de chegar
diz-me à noite a tua mão
quanto mais a mão esfriar
mais calor no coração
E dia a dia por nós
passam as quatro estações
têm sempre a tua voz
eu respondo-lhes depois
David Mourão-Ferreira
pindaro
E só daí é que eu sou
Cai a chuva abandonada
à minha melancolia,
a melancolia do nada
que é tudo o que em nós se cria.
Memória estranha de outrora
não a sei e está presente.
Em mim por si se demora
e nada em mim a consente
do que me fala à razão.
Mas a razão é limite
do que tem ocasião
de negar o que me fite
de onde é a minha mansão
que é mansão no sem-limite.
Ao longe e ao alto é que estou
e só daí é que sou.
Vergílio Ferreira
pindaro
sábado, março 20, 2010
Quem na amada o conjura
Nada a fazer, amor, eu sou do bando
Impermanente das aves friorentas;
E nos galhos dos anos desbotando
Já as folhas me ofuscam macilentas;
E vou com as andorinhas. Até quando?
À vida breve não perguntes: cruentas
Rugas me humilham. Não mais em estilo brando
Ave estroina serei em mãos sedentas.
Pensa-me eterna que o eterno gera
Quem na amada o conjura. Além, mais alto,
Em ileso beiral, aí espera:
Andorinha indemne ao sobressalto
Do tempo, núncia de perene primavera.
Confia. Eu sou romântica. Não falto.
Natália Correia
pindaro
Crois-tu qu'on s'aime?...
Le ciel bleu sur nous peut s'effrondrer
Et la terre peut bien s'écrouler
Peu m'importe si tu m'aimes
Je me fous du monde entier
Tant que l'amour inondera mes matins
Tant que mon corps frémira sous tes mains
Peu m'importent les grands problèmes
Mon amour, puisque tu m'aimes...
J'irais jusqu'au bout du monde
Je me ferais teindre en blonde
Si tu me le demandais...
J'irais décrocher la lune
J'irais voler la fortune
Si tu me le demandais...
Je renierais ma patrie
Je renierais mes amis
Si tu me le demandais...
On peut bien rire de moi,
Je ferais n'importe quoi
Si tu me le demandais...
Si un jour la vie t'arrache à moi
Si tu meurs, que tu sois loin de moi
Peu m'importe, si tu m'aimes
Car moi je mourrai aussi...
Nous aurons pour nous l'éternité
Dans le bleu de toute l'immensité
Dans le ciel, plus de problèmes
Mon amour, crois-tu qu'on s'aime?...
...Dieu réunit ceux qui s'aiment!
M. Monnot / E. Constantine
pindaro
sexta-feira, março 19, 2010
De noites e de mar
A sua ordem já sabida
quinta-feira, março 18, 2010
Our passions
Fico ao teu lado
As palavras estão muito ditas
e o mundo muito pensado.
Fico ao teu lado.
Não me digas que há futuro
nem passado.
Deixa o presente — claro muro
sem coisas escritas.
Deixa o presente. Não fales,
Não me expliques o presente,
pois é tudo demasiado.
Em águas de eternamente,
o cometa dos meus males
afunda, desarvorado.
Fico ao teu lado.
cecília meireles
píndaro
Les mouvements de notre âme
Elle rafraîchit notre imagination parce qu'elle ne fait pas penser à la vie des hommes, mais elle réjouit notre âme, parce qu'elle est, comme elle, aspiration infinie et impuissante, élan sans cesse brisé de chutes, plainte éternelle et douce. Elle nous enchante ainsi comme la musique, qui ne porte pas comme le langage la trace des choses, qui ne nous dit rien des hommes, mais qui imite les mouvements de notre âme. Notre coeur en s'élançant avec leurs vagues, en retombant avec elles, oublie ainsi ses propres défaillances, et se console dans une harmonie intime entre sa tristesse et celle de la mer, qui confond sa destinée et celle des choses.
Marcel Proust
pindaro
quarta-feira, março 17, 2010
terça-feira, março 16, 2010
segunda-feira, março 15, 2010
La robe de ta nudité parfaite.
Laisse courir
dans les couloirs secrets de ton corps
les cheveux vertigineux de tes désirs.
Eux seuls connaissent la destinée
que l’esprit voilé par des brumes honteuses
n’ose pas découvrir
Mes mains se cherchent sur ton corps
Pour saisir ta forme la plus complète.
Si tu pars, je garderai la robe
De ta nudité parfaite.
Natalia Correia
pindaro
domingo, março 14, 2010
Tão tirana e desigual
Coração, olha o que queres:
Que mulheres, são mulheres...
Tão tirana e desigual
Sustentam sempre a vontade,
Que a quem lhes quer de verdade
Confessam que querem mal;
Se Amor para elas não val,
Coração, olha o que queres:
Que mulheres, são mulheres...
Se alguma tem afeição
Há-de ser a quem lha nega,
Porque nenhuma se entrega
Fora desta condição;
Não lhe queiras, coração,
E senão, olha o que queres:
Que mulheres, são mulheres...
São tais, que é melhor partido
Para obrigá-las e tê-las,
Ir sempre fugindo delas,
Que andar por elas perdido;
E pois o tens conhecido,
Coração, que mais lhe queres?
Que, em fim, todas as mulheres!
francisco roíz lobo
pindaro
sábado, março 13, 2010
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