O labirinto das línguas e o segredo da água. Na humidade é que se conjura a devoração dos assaltos. A frescura do veneno,os sabores alheios e o travo da fronteira.
quinta-feira, maio 31, 2012
quarta-feira, maio 30, 2012
terça-feira, maio 29, 2012
segunda-feira, maio 28, 2012
O divertimento da caçada
Por certo que, na natureza, a fome desponta com o divertimento da caçada, a volúpia do ar nas asas, o voo e a perseguição.
Glenway Wescott
pindaro domingo, maio 27, 2012
Tinge de beijos a minha fome
Um par abraça-se e tinge
De beijos a minha fome
De Marga, que me consome
Num beijo até à laringe.Como a um toureiro de nome
Um sátiro vibra a siringe…
Mas só a poesia o finge.
vitorino nemésio
pindaro
sábado, maio 26, 2012
sexta-feira, maio 25, 2012
Tem qualquer coisa de gomo
Dá a surpresa de ser.
É alta, de um louro escuro.
Faz bem só pensar em ver
Seu corpo meio maduro.
Seus seios altos parecem
(Se ela estivesse deitada)
Dois montinhos que amanhecem
Sem ter que haver madrugada.
E a mão do seu braço branco
Assenta em palmo espalhada
Sobre a saliência do flanco
Do seu relevo tapado.
Apetece como um barco.
Tem qualquer coisa de gomo.
Meu Deus, quando é que eu embarco?
Ó fome, quando é que eu como?
Fernando Pessoa
pindaro
quinta-feira, maio 24, 2012
Nadaria mais rios
Se eu pudesse novamente viver a vida...
Na próxima...trataria de cometer mais erros...
Jorge Luis Borges
pindaro
quarta-feira, maio 23, 2012
terça-feira, maio 22, 2012
segunda-feira, maio 21, 2012
Y dio por terminado su baile
Descubrió muy pronto que era raro, guapo, pequeño y divertido y convirtió cada uno de estos adjetivos en un arma. Un día la maldad absoluta vino a su encuentro cuando se hallaba con un martini en la mano, y dio por terminado su baile.
Manuel Vincent
Pindaro domingo, maio 20, 2012
Amor sobre amor
Questão é curiosa nesta Filosofia, qual seja mais precioso e de maiores quilates: se o primeiro amor, ou o segundo? Ao primeiro ninguém pode negar que é o primogénito do coração, o morgado dos afectos, a flor do desejo, e as primícias da vontade. Contudo, eu reconheço grandes vantagens no amor segundo. O primeiro é bisonho, o segundo é experimentado; o primeiro é aprendiz, o segundo é mestre: o primeiro pode ser ímpeto, o segundo não pode ser senão amor. Enfim, o segundo amor, porque é segundo, é confirmação e ratificação do primeiro, e por isso não simples amor, senão duplicado, e amor sobre amor. É verdade que o primeiro amor é o primogénito do coração; porém a vontade sempre livre não tem os seus bens vinculados. Seja o primeiro, mas não por isso o maior.
Padre António Vieira
pindaro
sábado, maio 19, 2012
sexta-feira, maio 18, 2012
Miradouro da giesteira
À mercê dum vento brando
Bailam rosas nos vergeis
E as Marias vão bailando
Enquanto vários Manéis
Nos harmónios vão tocando
A folhagem ressequida
Baila envolvida em poeira
E com a razão perdida
Há quem leve a vida inteira
A bailar com a própria vida
Baila o nome de Jesus
Em milhões de lábios crentes
Em bailado que seduz
E as falenas inocentes
Bailam á roda da luz
Tudo baila, tudo dança
Nosso destino é bailar
E até mesmo a doçe esperança
Dum lindo amor se alcançar
De bailar nunca se cansa
A. Marceneiro
quinta-feira, maio 17, 2012
Me vêm agonias de grandes espessuras
Que desenhos e rictus na tua cara
Como os frisos veementes dos tapetes antigos
Que sombrio te tornas se repito
O sinuoso caminho que persigo: um desejo
Sem dono, em adorar-te vívido mas livre.
E que escura me faço se abocanhas de mim
Palavras e resíduos. Me vêm fomes
Agonias de grandes espessuras, embaçadas luas
Facas, tempestade. Ver-te. Tocar-te.
Cordura.
Crueldade.
Hilda Hilst
Pindaro
quarta-feira, maio 16, 2012
O quid magnético
As mulheres porém não precisam de ser bonitas para serem amadas até à idolatria. Basta-lhes que possuam o quid magnético que chama o pirilampo para a pirilampa através do escuro incomensurável.
Aquilino Ribeiro
pindaroterça-feira, maio 15, 2012
Uma boa entrada
Mas foi uma boa entrada - a dele. Comprido, esbelto, desprendido, vago, e de certa forma indolentemente distinto - como um gatafunho de uma mão talentosa...
Martin Amis
pindaro
segunda-feira, maio 14, 2012
De brusler dans les flammes
Quels doux supplices
Quelles délices,
De brusler dans les flammes
De la beauté des Dammes
Antoine Boesset
pindaro
domingo, maio 13, 2012
Unissent les quatre éléments
Et nos caresses paysages
Nos premiers baisers de printemps
Nos lourdes étreintes d'orage
Unissent les quatre éléments
Unissent les quatre éléments
pindaro
sábado, maio 12, 2012
O amor fino não há-de ter porquê
Se amo porque me amam, é obrigação, faço o que devo; se amo para que me amem, é negociação, busco o que desejo.
Pois como há-de ser o amor para ser fino?
Amo porque amo e para amar.
Padre António Vieira
pindaro
sexta-feira, maio 11, 2012
Sensualidades incorporadas.
Gosto de dizer. Direi melhor: gosto de palavrar. As palavras são para mim corpos tocáveis, sereias visíveis, sensualidades incorporadas.
Bernardo Soares
pindaro
quinta-feira, maio 10, 2012
O efeito romanesco
...e assim perderia todo o efeito romanesco: onde, sim, se finge contar coisas verdadeiras, mas não se deve dizer a sério que se finge.
Umberto Eco
quarta-feira, maio 09, 2012
In order to end in a photograph
Mallarme said that everything in the world exists in order to end in a book. Today everything exists to end in a photograph.
Susan Sontag
pindaro
terça-feira, maio 08, 2012
Uma deusa a passear na praia
O sol e o mar deram à tua pele
O tom do bronze, a cor da eternidade.
E agora, nos meus olhos de poeta,
És uma deusa eterna a passear
Na praia iluminada.
Imaginada
Num poema despido,
Desafias o tempo, olímpica e sagrada,
Humana só na sombra de o teres sido.
Miguel Torgasegunda-feira, maio 07, 2012
Os farpões do Amor
Quem de meus versos a lição procura,
Os farpões nunca viu de Amor insano,
Nem sabe quanto custa um vil engano
Traçado pela mão da formosura.
Pedro Antonio Correa Garção
pindaro
domingo, maio 06, 2012
sábado, maio 05, 2012
Queremos a solidão do grande mar
A solidez da terra seca, monótona,
parece-nos fraca ilusão.
Queremos a solidão do grande mar,
multiplicada em suas malhas de perigo.
Queremos sua solidão robusta,
uma solidão para todos os lados, uma ausência humana que se opõe ao mesquinho formigar do mundo.
Cecília Meireles
pindaro
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