segunda-feira, maio 29, 2006
A pedra de toque
"Compreender não é procurar no que nos é estranho a nossa projecção ou a projecção do nossos desejos. É explicar o que se nos opõe, valorizar o que até aí não tinha valor dentro de nós. O diverso, o inesperado, o antagónico, é que são a pedra de toque dum acto de entendimento. Ora o Alentejo é esse diverso, esse inesperado, esse antagónico."
Miguel Torga
pindaro
sexta-feira, maio 26, 2006
Ao refrulho oceânico
quarta-feira, maio 24, 2006
Coisas efémeras que duram uma vida
terça-feira, maio 23, 2006
segunda-feira, maio 22, 2006
Friável diamante
Se o ciúme nasce do intenso amor, quem não sente ciúmes pela amada não é amante, ou ama de coração ligeiro, de modo que se sabe de amantes os quais, temendo que o seu amor se atenue, o alimentam procurando a todo o custo razões de ciúme.
Portanto o ciumento (que porém quer ou queria a amada casta e fiel) não quer nem pode pensá-la senão como digna de ciúme, e portanto culpada de traição, atiçando assim no sofrimento presente o prazer do amor ausente. Até porque pensar em nós que possuímos a amada longe - bem sabendo que não é verdade - não nos pode tornar tão vico o pensamento dela, do seu calor, dos seus rubores, do seu perfume, como o pensar que desses mesmos dons esteja afinal a gozar um Outro: enquanto da nossa ausência estamos seguros, da presença daquele inimigo estamos, se não certos, pelo menos não necessariamente inseguros.
O contacto amoroso, que o ciumento imagina, é o único modo em que pode representar-se com verosimilhança um conúbio de outrem que, se não indubitável, é pelo menos possível, enquanto o seu próprio é impossível.
Assim o ciumento não é capaz, nem tem vontade, de imaginar o oposto do que teme, aliás só pode obter o prazer ampliando a sua própria dor, e sofrer pelo ampliado prazer de que se sabe excluído. Os prazeres do amor são males que se fazem desejar, onde coincidem a doçura e o martírio, e o amor é involuntária insânia, paraíso infernal e inferno celeste - em resumo, concórdia de ambicionados contrários, riso doloroso e friável diamante.
Umberto Eco
pindaro
Um fio de asas
domingo, maio 21, 2006
O amor à linha
sábado, maio 20, 2006
Basta que a alma dêmos
Pelo Sonho é que vamos,
comovidos e mudos.
Chegamos? Não chegamos?
Haja ou não haja frutos,
pelo Sonho é que vamos.
Basta a fé no que temos.
Basta a esperança
naquilo que talvez não teremos.
Basta que a alma dêmos,
com a mesma alegria,
ao que desconhecemos
e ao que é do dia-a-dia.
Chegamos? Não chegamos?
-Partimos. Vamos. Somos
Sebastião da Gama
pindaro
Minuete de luar
Rondeo do Alentejo
Em minarete
mate
bate
leve
verde neve
minuete
de luar.
Meia-noite
do Segredo
no penedo
duma noite
de luar.
Olhos coros
de Morgada
enfeitada
com preparos
de luar.
Rompem fogo
pandeiretas
morenitas,
bailam tetas
e bonitas,
bailam chitas
e jaquetas,
são as fitas
desafogo
de luar.
Voa o xaile
andorinha
pelo baile,
e a vida
doentinha
e a ermida
ao luar.
Laçarote
escarlate
de cocote
alegria
de Maria
la-ri-rate
em folia
de luar.
Giram pés
giram passos
girassóis
e os bonés,
e os braços
destes dois
giram laços
de luar.
O colete
desta Virgem
endoidece
como o S
do foguete
em vertigem
de luar.
Em minarete
mate
bate
leve
verde neve
minuete
de luar.
Almada Negreiros
pindaro
sexta-feira, maio 19, 2006
quarta-feira, maio 17, 2006
Se a visagem de tal sujeito é o que vês
O'Neill (Alexandre), moreno português,
cabelo asa de corvo; da angústia da cara,
nariguete que sobrepuja de través
a ferida desdenhosa e não cicatrizada.
Se a visagem de tal sujeito é o que vês
(omita-se o olho triste e a testa iluminada)
o retrato moral também tem os seus quês
(aqui, uma pequena frase censurada...)
No amor? No amor crê (ou não fosse ele O'Neill!)
e tem a veleidade de o saber fazer
(pois amor não há feito) das maneiras mil
que são a semovente estátua do prazer.
Mas sobre a ternura, bebe de mais e ri-se
do que neste soneto sobre si mesmo disse...
Alexandre O´Neill
pindaro
domingo, maio 14, 2006
Era apenas o rumor
Cabeça de boga
No exame do segundo grau fiquei distinto; o Abílio ficou suficiente. Uma tristeza! Compareceu de calça comprida, colete branco, a "châtelaine" de D.Claudina fazendo de corrente de relógio. Como roía nas unhas, o relógio era um descanso para encher o minuto de ignorância, atrapalhado com aquilo de "Qual foi o rei que mandou plantar o pinhal de Leiria?".
O Sr. Fontes, o professor das Cinco, que era membro do júri, bem cochichava de lá: "D.Dinis... D.Dinis!..." O Abílio, porém, doido por toiros, saíra-se com "D.Afonso Quarto, o Bravo" - e teve a raposa por um triz.
Cá fora, esperavam-nos meu pai e o dele ao lado do Sr. Professor. O mestre não me disse palavra; mas a ele não o largou:
- Este cabeça de boga que me vai estragar os resultados!
O pai do Abílio estava com vergonha do filho, com raiva ao filho, com raiva ao Sr. Professor, com pena de si, do Sr. Professor e do filho:
- Pedaço de mariola! (Olha como tens esse colarinho!) E fazer-me gastar um dinheirão para ver isto!
- Este cabeça de boga, pôr-me uma nódoa na pauta! - teimava o Sr. Professor.
O pai do Abílio agachara-se um pouco para lhe limpar as lágrimas, mas carregava no lenço e obrigava-o a assoar-se sem precisão nenhuma:
- Força!... O toleirão, que era o primeiro em decimais! (Ó pequeno, não chores, que o Sr. Professor manda na Escola, e em ti quem manda sou eu!)
Mas o Abílio chorava mordido e com os olhos raiados de sangue. Quando proclamaram os resultados, O Sr. Professor abrandou.
- "Abílio Cardoso de Aguiar, suficiente. Mateus Queimado Gomes de Meneses, óptimo".
Meu Pai deu um beijo no Abílio antes de me beijar a mim. O pai do Abílio apertou solenemente a mão de meu Pai:
- Ah!, Senhor Meneses! Que consolação, um filho assim!
Vitorino Nemésio
pindaro
O Sr. Fontes, o professor das Cinco, que era membro do júri, bem cochichava de lá: "D.Dinis... D.Dinis!..." O Abílio, porém, doido por toiros, saíra-se com "D.Afonso Quarto, o Bravo" - e teve a raposa por um triz.
Cá fora, esperavam-nos meu pai e o dele ao lado do Sr. Professor. O mestre não me disse palavra; mas a ele não o largou:
- Este cabeça de boga que me vai estragar os resultados!
O pai do Abílio estava com vergonha do filho, com raiva ao filho, com raiva ao Sr. Professor, com pena de si, do Sr. Professor e do filho:
- Pedaço de mariola! (Olha como tens esse colarinho!) E fazer-me gastar um dinheirão para ver isto!
- Este cabeça de boga, pôr-me uma nódoa na pauta! - teimava o Sr. Professor.
O pai do Abílio agachara-se um pouco para lhe limpar as lágrimas, mas carregava no lenço e obrigava-o a assoar-se sem precisão nenhuma:
- Força!... O toleirão, que era o primeiro em decimais! (Ó pequeno, não chores, que o Sr. Professor manda na Escola, e em ti quem manda sou eu!)
Mas o Abílio chorava mordido e com os olhos raiados de sangue. Quando proclamaram os resultados, O Sr. Professor abrandou.
- "Abílio Cardoso de Aguiar, suficiente. Mateus Queimado Gomes de Meneses, óptimo".
Meu Pai deu um beijo no Abílio antes de me beijar a mim. O pai do Abílio apertou solenemente a mão de meu Pai:
- Ah!, Senhor Meneses! Que consolação, um filho assim!
Vitorino Nemésio
pindaro
Através do escuro incomensurável
Depois as sensaborias tartamudas
Passados momentos, Ifigénia, contemplando, sem as ver, umas figuras chinesas do seu leque, disse:
-De maneira que esta aparição imprevista de uma mulher desafortunada, se deu lugar à expansão, também foi causa a uma dor de V. Exa.!...
Calisto entrelaçou os dedos em postura suplicante, e exclamou:
-Chovam-lhe os arcanjos do Senhor quantas felicidades a bem-aventurança encerra! Nunca uma nuvem escura lhe enegreça os seus sonhos de felicidade! Multipliquem-se em alegrias eternas para V. Exa. estes instantes de ventura que me deu, minha misericordiosa amiga!
Nenhuma paixão súbita estalou ainda com estrondos deste tamanho. A gente compreende como estas coisas acontecem; casos se podem ter dado connosco da mesma natureza, mas o que nós fizemos nunca, se o amor nos assaltou de improviso, foi falar assim, romper tão depressa em veemências de entusiasmo. Nós, homens criados mais ou menos por salas, afeitos a subordinar o sentimento às práticas de civilidade, desafogamos em êxtases e suspiros, contemplamos embelezados a mulher que nos endoudeceu, respondemos com frioleiras gagas a uma pergunta, que nos ela faz com toda a presença do seu espírito. Toda a lástima é pouca para os ridiculíssimos trejeitos que fazemos então.
O morgado da Agra de Freimas não falaria daquele modo, nem tão do íntimo da alma apaixonada, se tivesse experiência dos usos da boa sociedade. Os bons usos ordenam que o homem se declare à mulher que ama, depois que as impressões repetidas de vê-la e ouvi-la hajam desfalcado o vigor do sentimento. A praxe requer primeiro o êxtase, depois as sensaborias tartamudas, ultimamente a declaração, com intervalo de três meses ao êxtase.
Camilo Castelo Branco
pindaro
sábado, maio 13, 2006
Flor aberta na sombra
quinta-feira, maio 11, 2006
Lua cheia
alvos ramos de algas marinhas
rumores de alucinado cardume
pássaro e peixe em vôo único
e música de vastíssimo oceano
de um mergulho teu corpo age
sua natureza de sal e esponja
gravita sua substância de coral
na ciência submersa de meu corpo
e toda a sua revolta matéria
se acumula na carne e rebenta
em delírio de espuma e maresia
eis o meu fôlego te habitando
cumprindo sua viagem de ondas
sopra o vento em nuvens de areia
e escreve orgasmo na pele do mar
corpo de mulher orvalho e mergulho
tua chama engendra sol e continente
abriga orgasmo ventania colisão
e toda a substância que nos aquece
vem de tua fosforescente matéria
de tua severa sugestão de incêndio
floriano martins
corpo de mulher
pindaro
terça-feira, maio 09, 2006
O mais secreto bailar
segunda-feira, maio 08, 2006
E prontas a procriar
Há pequenas impressões finas como um cabelo e que, uma vez desfeitas na nossa mente, não sabemos aonde elas nos podem levar. Hibernam, por assim dizer, nalgum circuito da memória e um dia saltam para fora, como se acabassem de ser recebidos. Só que, por efeito desse período de gestação profunda, alimentada ao calor do sangue e das aquisições da experiência temperada de cálcio e de ferro e de nitratos, elas aparecem já no estado adulto e prontas a procriar. Porque as memórias procriam como se fossem pessoas vivas.
Agustina Bessa-Luís
pindaro
Reino de medusas
domingo, maio 07, 2006
Na pedra que se consome
Abandonei-me ao vento. Quem sou, pode
explicar-te o vento que me invade.
E já perdi o nome ao som da morte,
ganhei um outro, livre, que me sabe
quando me levantar e o corpo solte
o seu despojo vão. Em toda a parte
o vento há de soprar, onde não cabe
a morte mais. A morte a morte explode.
E os seus fragmentos caem na viração
e o que ela foi na pedra se consome.
Abandonei-me ao vento como um grão.
Sem a opressão dos ganhos, utensílio,
abandonei-me. E assim fiquei conciso,
eterno. Mas o amor guardou meu nome.
Carlos Nejar
pindaro
sexta-feira, maio 05, 2006
Chamar-te-ei amor
quinta-feira, maio 04, 2006
La perfección
"El mundo de la literatura, el mundo del arte, es el mundo de la perfección.
Es el mundo donde la belleza, que es lo que en última instancia le da su independencia, su verdad, su autenticidad, nos enfrenta a la acabado, a lo absolutamente abarcable con el conocimiento, con la conciencia además con una visón esférica que jamás llegamos a tener. Entonces, cuando nosotros regresamos de una gran novela, de ese mundo de ilusión, de ese espejismo, deslumbrante que es el de una ficción lograda que se nos impone como una verdad irresistible a este mundo nuestro, cuál es la reacción natural? El cotejo es inevitable. Y la conclusión de ese cotejo es el de que pequeño es este mundo comparado con ese mundo tan grande, tan rico del que acabamos de salir. Y que feo, mediocre y sórdido es este mundo comparado con ese mundo donde todo aprecia tan bello, incluso las peores aspectos de la condición humana, las manifestaciones más sombrías, tétricas, crueles de lo que es el hombre tenia un encanto que el escritor, el creador había conseguido impregnarle, que a nosotros nos lo hacia aceptable, incluso emocionante y por lo tanto bello".
Mario Vargas Llosa
"Literatura y política: dos visiones del mundo", 11 de mayo del 2000.
pindaro
Só um lugar
Uma casa que nem fosse um areal
deserto; que nem casa fosse;
só um lugar
onde o lume foi acesso, e à sua roda
se sentou a alegria; e aqueceu
as mãos; e partiu porque tinha
um destino; coisa simples
e pouca, mas destino:
crescer como árvore, resistir
ao vento, ao rigor da invernia,
e certa manhã sentir os passos
de abril
ou, quem sabe?, a floração
dos ramos, que pareciam
secos, e de novo estremecem
com o repentino canto da cotovia.
Eugénio de Andrade
pindaro
quarta-feira, maio 03, 2006
Talvez unicamente uma
Qual é mesmo a palavra secreta? Não sei é porque a ouso? Não sei porque não ouso dizê-la? Sinto que existe uma palavra, talvez unicamente uma, que não pode e não deve ser pronunciada. Parece-me que todo o resto não é proibido. Mas acontece que eu quero é exatamente me unir a essa palavra proibida. Ou será? Se eu encontrar essa palavra, só a direi em boca fechada, para mim mesma, senão corro o risco de virar alma perdida por toda a eternidade. Os que inventaram o Velho Testamento sabiam que existia uma fruta proibida. As palavras é que me impedem de dizer a verdade.
Clarice Lispector
pindaro
terça-feira, maio 02, 2006
É um povo de cais e fado
«Logo a abrir, apareces-me pousada sobre o Tejo como uma cidade a navegar. Não me admiro: sempre que me sinto em alturas de abranger o mundo, no pico de um miradouro ou sentado numa nuvem, vejo-te em cidade-nave, barca com ruas e jardins por dentro, até a brisa que corre me sabe a sal.(...)»
«Corvos santificados, mártires à maré e doutores heréticos a receitarem milagres, espécies destas só em Lisboa. É um povo de cais e fado a cavalo dum diabo complacente, a gente que aqui se faz. Por isso, o à-vontade com que se junta na mesma cama o pecado com a virtude e o engenho com que sabe por uma vírgula burlesca numa estória de má sina. Por pudor é capaz de dizer amizade em insulto enternecido, por desdém agride à maneira de elogio: "Chico esperto, mãozinha bruxa", chama ele ao traficante desalmado. No entre-suspeito ouve de manso, pois sim, está bem abelha, e fala pianinho para prevenir e aclarar. Mas se o caso não entra nos acertos é capaz de perder a paciência e então, "gatos ao mar", arranca em discurso de finalmente.(...)»
José Cardoso Pires
pindaro
«Corvos santificados, mártires à maré e doutores heréticos a receitarem milagres, espécies destas só em Lisboa. É um povo de cais e fado a cavalo dum diabo complacente, a gente que aqui se faz. Por isso, o à-vontade com que se junta na mesma cama o pecado com a virtude e o engenho com que sabe por uma vírgula burlesca numa estória de má sina. Por pudor é capaz de dizer amizade em insulto enternecido, por desdém agride à maneira de elogio: "Chico esperto, mãozinha bruxa", chama ele ao traficante desalmado. No entre-suspeito ouve de manso, pois sim, está bem abelha, e fala pianinho para prevenir e aclarar. Mas se o caso não entra nos acertos é capaz de perder a paciência e então, "gatos ao mar", arranca em discurso de finalmente.(...)»
José Cardoso Pires
pindaro
As palavras estão muito ditas
Interlúdio
As palavras estão muito ditas
e o mundo muito pensado.
Fico ao teu lado.
Não me digas que há futuro
nem passado.
Deixa o presente — claro muro
sem coisas escritas.
Deixa o presente. Não fales,
Não me expliques o presente,
pois é tudo demasiado.
Em águas de eternamente,
o cometa dos meus males
afunda, desarvorado.
Fico ao teu lado.
cecília meireles
pindaro
As palavras estão muito ditas
e o mundo muito pensado.
Fico ao teu lado.
Não me digas que há futuro
nem passado.
Deixa o presente — claro muro
sem coisas escritas.
Deixa o presente. Não fales,
Não me expliques o presente,
pois é tudo demasiado.
Em águas de eternamente,
o cometa dos meus males
afunda, desarvorado.
Fico ao teu lado.
cecília meireles
pindaro
segunda-feira, maio 01, 2006
As proas giram sozinhas
No desequilíbrio dos mares,
as proas giram sozinhas...
Numa das naves que afundaram
é que certamente tu vinhas.
Eu te esperei todos os séculos
sem desespero e sem desgosto,
e morri de infinitas mortes
guardando sempre o mesmo rosto
Quando as ondas te carregaram
meu olhos, entre águas e areias,
cegaram como os das estátuas,
a tudo quanto existe alheias.
Minhas mãos pararam sobre o ar
e endureceram junto ao vento,
e perderam a cor que tinham
e a lembrança do movimento.
E o sorriso que eu te levava
desprendeu-se e caiu de mim:
e só talvez ele ainda viva
dentro destas águas sem fim.
Cecília Meireles
pindaro
Minha primeira namorada
Porquinho-da-Índia
Quando eu tinha seis anos
Ganhei um porquinho-da-índia.
Que dor de coração me dava
Porque o bichinho só queria estar debaixo do fogão!
Levava ele prá sala
Pra os lugares mais bonitos mais limpinhos
Ele não gostava:
Queria era estar debaixo do fogão.
Não fazia caso nenhum das minhas ternurinhas . . .
— O meu porquinho-da-índia foi minha primeira namorada.
Manuel Bandeira
pindaro
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