quinta-feira, setembro 21, 2006

Não mais que de repente






DE REPENTE do riso fez-se o pranto
Silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto.

De repente da calma fez-se o vento
Que dos olhos desfez a última chama
E da paixao fez-se o pressentimento
E do momento imóvel fez-se o drama.

De repente, nao mais que de repente
Fez-se de triste o que se fez amante
E de sozinho o que se fez contente.

Fez-se do amigo próximo o distante
Fez-se da vida uma aventura errante
De repente, não mais que de repente.


Vinicius de Moraes



pindaro

1 comentário:

Luis Eme disse...

De repente encheram a Corte na Aldeia de poesia de muita qualidade, ilustrada com muito bom gosto. Parabéns.