segunda-feira, maio 05, 2008

Coisas dignas de castigo





Nenhum corpo mais lácteo e sem defeito,
mais róseo, escultural, ou feminino,
pode igualar-se o seu branco e divino
imóvel, nu, sobre o comprido leito! -

Nada se lhe iguala! - O ferro do assassino
podia, hoje, matá-la, que o meu peito
seria o esquife embalsamado e fino
daquele corpo sem rival, perfeito.

Por isso é muito altiva e apetecida.
E o gozo sensual de a ver vencida
há-de ser forte, estranho, singular...

Como o das coisas dignas de castigo
- ou qual amante sarcedote antigo,
derrubando uma deusa de um altar.


Gomes Leal



Pindaro

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