sábado, outubro 11, 2008

Maria Górska





Cheirava a cedro.

Com uma sedução desenganada, um tudo-nada flexuosa, vagueava na ambivalência ou no Grand Hôtel de Monte-Carlo, sussurrando leves profunduras ao Great Gasby e à Dolores Del Rio, por entre bolhas de champagne e outras maciezas.

Desassossegando os que amava e pintava, era um tableau vivant com nome de pseudónimo, e uma baronesa de barão húngaro com vestígios de silêncio na lâmina.

D´Annunzio definiu-a como a mulher de ouro, a ela, a imprecisa como uma esmeralda, a ela, a de unhas vermelho-sangue sumptuosamente ouro-arruivada.

Era um ser alto e esguio, mas com talhe, com sinuosidades consumadas nos quatro ventos que abriam as saias.

Diva dos roaring twenties e viajante de Bugatti, deixou Nana de Herrera nua demais, e viu o conde Furstenberg Herdringen como um Mefistófeles saído da neblina da Berlim de Klaus Mann.

Para ela a transgressão era só um debrum, e, perversa como Ingres, era uma ávida predadora da sensualidade bidireccional, de veludos e carne nua.

Onde acabava o vestido e começava o corpo?

No altar dos seus deuses só um senhoreava – o estilo.

Baronesa Tamara de Lempicka-Kuffner, nascida Maria Górska.

La belle polonaise.



leonardo

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