Assim, sempre puxados para novas margens, Para a noite eterna levados sem retorno, Não poderíamos nós no oceano do tempo Lançar âncora um só dia?
Ó lago! O ano apenas terminou seu curso E perto das ondas queridas que ela deveria rever, Olha! Eu venho sozinho sentar nesta pedra Onde tu a viste sentar!
Tu rugias assim nestas rochas profundas, Assim tu te quebravas em seus flancos rasgados, Assim o vento jogava a espuma de tuas ondas Em seus pés adorados.
……………………………………………………………… Ó tempo! Suspende teu vôo! E vós, horas felizes, Parai de correr!
Deixai-nos saborear as rápidas delícias Dos nossos dias mais belos!
Tantos infelizes aqui vos imploram, Correi, correi para esses, Levai com seus dias as dores que os devoram, Esquecei os felizes.
Mas eu peço em vão alguns momentos a mais E o tempo me ecapa e foge; Eu peço à noite: "Seja mais lenta", e vem a aurora Pra dissipar a noite.
Então amemos, amemos! A hora é fugitiva, Apressemo-nos, gozemos! O homem não tem porto, o tempo não tem margem, Ele corre e nós passamos!
……………………………………………………………… Eternidade, nada, passado, abismos sombrios, Que fazeis com os dias que engolis? Respondei: nos devolveis os êxtases sublimes Que vós nos roubais?
………………………………………………………………. Que o vento que geme, e o caniço que suspira, Que os perfumes suaves do ar embalsamado, Que tudo que ouve, que vê e respira, Que nos digam: "Eles amaram!"
2 comentários:
Posso ter a certeza de que é um poema completo ou, como juklgo, um excerto?Obrigada
Gosto doseu blogue.
Trata-se de um trecho de "O lago":
Assim, sempre puxados para novas margens,
Para a noite eterna levados sem retorno,
Não poderíamos nós no oceano do tempo
Lançar âncora um só dia?
Ó lago! O ano apenas terminou seu curso
E perto das ondas queridas que ela deveria rever,
Olha! Eu venho sozinho sentar nesta pedra
Onde tu a viste sentar!
Tu rugias assim nestas rochas profundas,
Assim tu te quebravas em seus flancos rasgados,
Assim o vento jogava a espuma de tuas ondas
Em seus pés adorados.
………………………………………………………………
Ó tempo! Suspende teu vôo! E vós, horas felizes,
Parai de correr!
Deixai-nos saborear as rápidas delícias
Dos nossos dias mais belos!
Tantos infelizes aqui vos imploram,
Correi, correi para esses,
Levai com seus dias as dores que os devoram,
Esquecei os felizes.
Mas eu peço em vão alguns momentos a mais
E o tempo me ecapa e foge;
Eu peço à noite: "Seja mais lenta", e vem a aurora
Pra dissipar a noite.
Então amemos, amemos! A hora é fugitiva,
Apressemo-nos, gozemos!
O homem não tem porto, o tempo não tem margem,
Ele corre e nós passamos!
………………………………………………………………
Eternidade, nada, passado, abismos sombrios,
Que fazeis com os dias que engolis?
Respondei: nos devolveis os êxtases sublimes
Que vós nos roubais?
……………………………………………………………….
Que o vento que geme, e o caniço que suspira,
Que os perfumes suaves do ar embalsamado,
Que tudo que ouve, que vê e respira,
Que nos digam: "Eles amaram!"
Alphonse de Lamartine
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