segunda-feira, março 10, 2008
Como o vento largo do oceano
Entre mim e mim, há vastidões bastantes
para a navegação dos meus desejos afligidos.
Descem pela água minhas naves revestidas de espelhos.
Cada lâmina arrisca um olhar e investiga o elemento que a atinge.
Mas, nesta aventura do sonho exposto à correnteza,
só recolho o gosto infinito das respostas que não se encontram.
Virei-me sobre minha própria experiência e contemplei-a.
Minha virtude era esta errância por mares contraditórios
e este abandono para além da felicidade e da beleza.
Ó meu Deus, isto é que é alma:
qualquer coisa que flutua por este corpo efémero e precário,
como o vento largo do oceano
sobre a areia passiva e inúmera...
Cecília Meireles
pindaro
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário