terça-feira, novembro 23, 2010

Oiço os passos do Outono





Vem aí a Primavera
diz-me sempre a tua boca
depois do mais que me dera
o que vem é coisa pouca

Olha o Verão que já não tarda
diz-me à tarde o teu peito
por mais frutos que ele traga
não há nenhum tão perfeito

Oiço os passos do Outono
dizem-me à noite os teus braços
o que mais ambiciono
é ouvir só os teus passos

O Inverno há-de chegar
diz-me à noite a tua mão
quanto mais a mão esfriar
mais calor no coração

E dia a dia por nós
passam as quatro estações
têm sempre a tua voz
eu respondo-lhes depois


David Mourão-Ferreira

pindaro

1 comentário:

olga disse...

Neste dia de Mar e Nevoeiro

Neste dia de mar e nevoeiro
É tão próximo o teu rosto

São os longos horizontes
Os ritmos soltos dos ventos
E aquelas aves
Que desde o princípio das estações
Fizeram ninhos e emigraram
Para que num dia inverso tu as visses

Aquelas aves que tinham
uma memória eterna do teu rosto
E voam sempre dentro do teu sonho
Como se o teu olhar as sustentasse
Sophia de Mello Breyner Andresen