quinta-feira, abril 10, 2008
Aqui a solução é não sabermos nadar
É de cravo. Toque de pétala em minha boca
A tua lingua redonda. Talo cálido
Macio de ponta subtil de tamanho.
Olhos para cima ardendo incessante de cabelos
Girassóis gémeos maduros no corpo do meio.
Punhal de luz de permeio
E no cabo da lâmina a pérola do umbigo.
Algas escorrendo ausência de Tejo nos dedos.
Cabo do mundo dos meus fascínios
Dos meus delírios bem fundo que digo?
E o lugar dos joelhos hangares paralelos
Insuspeitos de viagens rotuladas.
Ó gulas que as zonas do apetite jogam os dados
Com pazes e êxtases estudados.
Outrora disseste rei terei
Ó se minha arte tal fosse
Porque leal e amor sou
Homoalma inscrever-te no cosmos.
Minha mulher. O teu sexo de colher
De sabor torrencialmente minha.
Beber-te moderno sumo do fruto.
Abundante por espasmos
De enormes segredos menstruados.
Sorver a plenos plumões teu hálito mais secreto.
Esvair-me de concreto.
Ajoelho-me semeador ante a ternura
Do cálice por ti aberto
Desfoca ao longe a bebida
De já não vê-la de tão perto...
E o talhe de teus rins muito de Florença.
Pés de mármores de si rotativos a Sirius.
Ventre que em movimento flutua.
Fartura de lua.
Nádegas porcelanas, carnagens lótus.
Aprumo de haste bambu ao Sol e a Marte.
Sexo de mim cação em teu sexo tubarão...
E o teu clito perdoa que não aparece!
Ó dor! Eis-te amor. Meu amor.
Nem Vénus. Nem de Cnido nem de Milo.
Muito branca muito morena e quente.
Muito querida e nua viva de frente.
É nesta indecisão de folhas caindo caindo
Decisão de altas artes plantas plantas
A boca me ardendo nas tuas mamas tantas
Soltando-se em alces fugindo fugindo.
As horas sendo em nossos cabelos.
Uma a uma. Um a um. Do tempo a Tagus.
Meus olhos égides tristezas minhas
Que as não desejo aos relâmpagos.
Aqui a solução é não sabermos nadar
Me chamas irmã dos espaços morenos.
Entre ondas de carne e unhas serenos
Medo cisma orgasmo de podermos voar.
Dordio Guimarães
pindaro
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