quarta-feira, novembro 11, 2009

Bilhetando Hilária, polpuda e licorosa





















De amor nada mais resta que um Outubro
e quanto mais amada mais desisto
quanto mais tu me despes mais me cubro
e quanto mais me escondo mais me avisto.

E sei que mais te enleio e te deslumbro
porque se mais me ofusco mais existo.
Por dentro me ilumino, sol oculto,
por fora te ajoelho, corpo místico.

Não me acordes. Estou morta na quermesse
dos teus beijos. Etérea, a minha espécie
nem teus zelos amantes a demovem.

Mas quanto mais em nuvem me desfaço
mais de terra e de fogo é o abraço
com que na carne queres reter-me jovem.


Natália Correia


pindaro

1 comentário:

olga disse...

Fina nobreza de ombros que persigo
animal esplendor loucura
cabem num arco de solidão suave
de ternura

E os pulsos de que ardor e perfeição
de que ânsia de delícia exacta
que número absoluto e doloroso e puro
que dourada pulsação no escuro !

António Ramos Rosa