terça-feira, dezembro 22, 2009

Das suas linhas e dos seus traços























Não há rosto que não envolva uma paisagem desconhecida, inexplorada, não há paisagem que não seja povoada por um rosto amado ou sonhado, que não desenvolva um rosto por vir ou já passado. Que rosto não chamou as paisagens que amalgamava, o mar e a montanha, que paisagem não evocou o rosto que a teria completado, que lhe teria fornecido o complemento inesperado das suas linhas e dos seus traços?

Gilles Deleuze

pindaro

1 comentário:

Unknown disse...

O rosto olha-se no rosto que o envolve. E nesse olhar-se
olhando, o rosto é confronto. Dobra-se, pois, sobre si,
questiona o sentido do outro rosto, essa secreta margem
de melancolia. Diante de si, o rosto é apenas um indizível
abandono. Até que um outro rosto o inaugura,
o resgata da morte. Aí, nesse momento em que a palavra
nasce, o olhar incendeia-se, sobe desamparado à boca,
rasga-se. E, rasgando-se, dá-se."


Cecília Meireles