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Tiro de novo a fotografia do envelope e ela fixa-se logo em mais realidade na ficção da sua imagem. Está de perfil como sempre a vejo e olho-a tão intensamente. Temo que ela se volte e vá falar – e que é que iria dizer? O nosso encontro é no eterno, meto de novo a fotografia no envelope. Nunca a amei assim. No absoluto da imaginação. No vazio da inexistência. Na pureza do existir que é igual ao seu nada. No amor em si. E a ternura que me toma é tão. Ternura de nada. Absurda estúpida. Na ficção interna, virada para dentro de eu ser terno. E a sua imagem aérea. E a reconstrução súbita de tudo quanto nela aconteceu.
Vergílio Ferreira
pindaro
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