quinta-feira, dezembro 04, 2008

No banquete do amor



















No banquete do amor, o ciúme é o saleiro, que ao querer verdadeiro, empresta vivo sabor. Advirta-se, porém, ser erro temperar em demasia. O ciúme, por ser só sal, se posto demais no prato, não tempera, antes, maltrata.


Tirso de Molina



pindaro

2 comentários:

Unknown disse...

Pois é, este humano e incandescente amor, é assim como sal, como fogo, como gumes. Tem sabor a altos voos e amargas quedas. A arte consiste talvez em saber-mo-nos mover nos interlúdios da vida, para que haja sempre o rico sabor do tempero e o excesso de luz não mate o sonho e o mistério.

Unknown disse...

"Conheço o sal...
Conheço o sal da tua pele seca
depois que o estio se volveu inverno
da carne repousando em suor nocturno.
Conheço o sal do leite que bebemos
quando das bocas se estreitavam lábios
e o coração no sexo palpitava.
Conheço o sal dos teus cabelos negros
ou louros ou cinzentos que se enrolam
neste dormir de brilhos azulados.
Conheço o sal que resta em minhas mãos
como nas praias o perfume fica
quando a maré desceu e se retrai.
Conheço o sal da tua boca, o sal
o sal da tua língua, o sal dos teus mamilos,
e o da cintura se encurvando das ancas.
A todo o sal conheço que é só teu,
ou é de mim em ti, ou é de ti em mim,
um cristalino pó de amantes enlaçados."


Jorge de Sena