Que reter da longa temporada pirata? Por um instante eles singraram à deriva na beleza das coisas, sob o empoeirado das luas em alamedas, e morreram.
Foram assustadores e fraternos, perversos ou compadecidos, mas a sua nobreza consistiu em morrer sem vaidades: as suas ossadas foram entregues às areias e aos golfos, enquanto nas caligrafias do nada se inscrevia a sua memória.
Esses arquivos de poeira, de cinzas e de ossos são os dos abismos e o vento de Deus já os dissipou.
Lá ao fundo, nos confins da história, passaram homens fracos e selvagens. Dos seus antros desertos chegam-nos os ecos do vazio: falam-nos do gosto pelo nada, do gosto pela eternidade que devastou outrora alguns corações detestáveis ou generosos – inconsolados.
Gilles Lapouze
pindaro