"Mélanie tinha vinte e cinco anos, era de Plancus, na Provença, mas apenas conservava daquela quente região, onde o sangue arde, o olhar negro, desejoso, e os movimentos elásticos e ondulantes do corpo alto e magro.
Paris, onde ela, rolara como um seixo no leito de um rio, tinha desbastado, polido, afinado, apurado, a mocetona que outrora viera do seu povo, fugida com um catalão e chorando ciúme.
Tinha agora o nariz mais delgado, móbil, atrevido, os beicinhos sempre secos que humedecia com a língua, os quadris de um esguio masculino, o pé rápido, vivo e pronto.
A sua vida era complicada: do catalão passara a um carlista, depois, a um brasileiro; fora criada, muitos anos, no triste Hotel Português do Meio-Dia de Pernambuco, na Rua Lafayette; depois, perdera-se no fundo de Paris, onde vivera, de trapeira em trapeira, dançando furiosamente nos bailes públicos, paga por uns, batida com prazer por outros.'
Eça de Queirós
pindaro
segunda-feira, agosto 01, 2005
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