quinta-feira, agosto 17, 2006

Bem-querendo a esse rendimento


A mulher, que ou ama como cantam os cisnes, amando e morrendo desde logo pelo amor, ou nutre em si o amor, como a árvore alimenta o parasita, vivendo só para nutrir e definhando-se enquanto ela medra à custa de sacrifícios, de abnegação e de sofrimentos inapreciáveis; ou quando mesmo, presumida em excesso e vaidosa sem termos, se ama a si, amando o homem que se lhe rendeu, e bem-querendo a esse rendimento, a essa homenagem, a esse culto, porque lhe desvanece a vaidade, porque é uma confissão eloquente das suas perfeições, porque finalmente é seu, e veio de si, para de novo voltar para si, como as plantas amam a água, que elevam da terra, entregam aos ares, para que estes lha restituam depois em amorosas lágrimas.


Rodrigo Paganino



pindaro

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