segunda-feira, agosto 07, 2006
Toda tenra e suculenta
«Por detrás do balcão envernizado, junto a um vaso de rosas e magnólias, ela estava lendo o seu «Times», com um gato branco ao colo. O que me prendeu logo foram os olhos azul-claros, de um azul que só há nas porcelanas, simples, celestes, como eu nunca vira na morena Lisboa.
Mas encanto maior ainda tinham os seus cabelos, crespos, frisadinhos como uma carapinha de ouro, tão doces e finos que apetecia ficar eternamente, devotamente, a mexer-lhe com os dedos trémulos; e era irresistível o profano nimbo luminoso que eles punham em torno da sua face gordinha, de uma brancura de leite onde se desfaz carmesim, toda tenra e suculenta.»
Eça de Queirós
A Relíquia
pindaro
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