sexta-feira, abril 10, 2009

Paro como quem foge
























Ó solidão! À noite, quando, estranho,
Vagueio sem destino, pelas ruas,
O mar todo é de pedra... E continuas.
Todo o vento é poeira... E continuas.
A lua, fria, pesa... E continuas.
Uma hora passa e outra... E continuas.
Nas minhas mãos vazias continuas,
No meu sexo indomável continuas,
Na minha branca insónia continuas,
Paro como quem foge. E continuas.
Chamo por toda a gente. E continuas.
Ninguém me ouve. Ninguém! E continuas.
Invento um verso... E rasgo-o. E continuas.
Eterna, continuas...
Mas sei por fim que sou do teu tamanho!

Pedro Homem de Mello


Pindaro

2 comentários:

Unknown disse...

... E continua.
Hoje calça uns sapatos de salto alto... E volta.
Amanhã, uns sapatos rasos... E foge.
Depois, umas sapatilhas de ballet ...E gira.
Muda-se, troca-se... mas continua sempre no anónimo silêncio das mascaras. Invisível presença que vai e que volta. Porque vai e sempre volta, se nada mais existe que este fumo irreal de um fogo extinto?

cortenaaldeia disse...

Que dites-vous? C'est inutile? Je le sais!
Mais on ne se bat pas dans l'espoir du succès !
Non! Non, c'est bien plus beau lorsque c'est inutile!
Edmond Rostand