sábado, agosto 29, 2009

Nem falar dos seus motivos





















Não quero cantar amores,
Amores são passos perdidos.
São frios raios solares,
Verdes garras dos sentidos.

São cavalos corredores
Com asas de ferro e chumbo,
Caídos nas águas fundas.
Não quero cantar amores.

paraísos proibidos,
contentamentos injustos,
Feliz adversidade,
Amores são passos perdidos.

São demência dos olhares,
Alegre festa de pranto,
São furor obediente,
São frios raios solares.

Da má sorte defendidos
Os homens de bom juízo
Têm nas mãos prodigiosas
Verdes garras dos sentidos.

Não quero cantar amores
Nem falar dos seus motivos.


Agustina Bessa-Luís




pindaro

1 comentário:

Unknown disse...

Ò vós, sábios da ciência alta e profunda, que tendes meditado e que sabeis onde, quando e como tudo se une na natureza, dizei-me porque e para que são todos estes amores, todos estes beijos; sim, dizei-mo, ò conhecedores sublimes, ò sábios! Ponde em torturas o nosso espírito subtil e dizei-me onde, quando e como, me sucedeu amar, e porque tal me sucedeu?

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