sexta-feira, julho 29, 2005
Palpa de amor
Urselina gentil, benigna e pura,
Eis nas asas subtis de um ai cansado
A ti meu coração voa alagado
Em torrentes de sangue, e de ternura;
Põe-lhe os olhos, meu bem, vê com brandura
Seu miserável, doloroso estado,
Que nas garras da morte já cravado
A fé, que te jurava, inda te jura:
Põe-lhe os olhos, meu bem, suavemente,
Põe-lhe os mimosos dedos na ferida,
Palpa de Amor a vítima inocente:
E por milagre deles, oh querida,
Verás cerrar-se o golpe, e de repente
Em ondas de prazer tornar-lhe a vida.
bocage
pindaro
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