(...) Encostei-me ao bar, olhando à minha volta, e acabei por descobrir uma mulher que, a meu lado, me olhava, - e me parecia ser a pessoa que procurava a noite toda. Olhou-me de soslaio e depois frontalmente. Esboçou um sorriso, virou-se para o bar, pegou no copo e bebeu o vodka- laranja de um trago. Depois, virou-se para mim e disse com brusquidão: - Pareces-te bastante com o Mário. - Mário? Não me chamo Mário. Qual Mário? – respondi-lhe. Sem dar atenção à minha pergunta, ela começou a falar do Mário. A sua voz rouca arrastava-se a cada palavra. - Mário - começou ela a dizer, interrompendo-se de quando em quando para beber - chegou sei lá de onde e ficou uma semana em Lisboa. E desapareceu...até hoje. Apaixonámo-nos, uma paixão repentina, não nos largámos mais. Até a cidade mudou durante essa semana. Mas quando se foi embora, tudo o que me rodeava começou a morrer. É verdade...tudo se pôs a morrer...e alguns dias mais tarde comecei a receber, com regularidade, bilhetes postais; chegados dos lugares mais longínquos. Mário escrevera em todos os postais a mesmíssima coisa: « Encontrei isto num livro: os rios arrastam com eles a imagem das cidades que atravessam. Amo-te. Mário.»
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(...)
Encostei-me ao bar, olhando à minha volta, e acabei por descobrir uma mulher que, a meu lado, me olhava, - e me parecia ser a pessoa que procurava a noite toda.
Olhou-me de soslaio e depois frontalmente. Esboçou um sorriso, virou-se para o bar, pegou no copo e bebeu o vodka- laranja de um trago.
Depois, virou-se para mim e disse com brusquidão:
- Pareces-te bastante com o Mário.
- Mário? Não me chamo Mário. Qual Mário? – respondi-lhe.
Sem dar atenção à minha pergunta, ela começou a falar do Mário. A sua voz rouca arrastava-se a cada palavra.
- Mário - começou ela a dizer, interrompendo-se de quando em quando para beber - chegou sei lá de onde e ficou uma semana em Lisboa. E desapareceu...até hoje. Apaixonámo-nos, uma paixão repentina, não nos largámos mais. Até a cidade mudou durante essa semana. Mas quando se foi embora, tudo o que me rodeava começou a morrer. É verdade...tudo se pôs a morrer...e alguns dias mais tarde comecei a receber, com regularidade, bilhetes postais; chegados dos lugares mais longínquos. Mário escrevera em todos os postais a mesmíssima coisa:
« Encontrei isto num livro: os rios arrastam com eles a imagem das cidades que atravessam. Amo-te. Mário.»
Al Berto
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