Bato à porta de nada ensurdecido e bronco, forrado a lama seca ou sarro destes anos que mais que tudo me vestiram de tonto, dos que limpam os carros com a baba que lhes cai sobre a cinza do fato; bato à porta de nada sem dizer ui nem ai mas apenas grunhindo de olho embaciado sem o cristal da lágrima, bato à porta com braços, pernas, boca e dentes, mas sem saber no fundo, mas sem saber de caras se deveras lhe bato quando lhe bato assim, no nada dessa porta, ou ela bate em mim.
1 comentário:
Bato à porta de nada ensurdecido e bronco,
forrado a lama seca ou sarro destes anos
que mais que tudo me vestiram de tonto,
dos que limpam os carros com a baba que lhes cai
sobre a cinza do fato; bato à porta de nada
sem dizer ui nem ai mas apenas grunhindo
de olho embaciado sem o cristal da lágrima,
bato à porta com braços, pernas, boca e dentes,
mas sem saber no fundo, mas sem saber de caras
se deveras lhe bato quando lhe bato assim,
no nada dessa porta, ou ela bate em mim.
Pedro Tamen
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