terça-feira, fevereiro 08, 2005

Fato profugus


“He was the kind of man who was ready for anything, who hoped for nothing…”
ys





Ao Conde Almasy, “el padre de las arenas”



“O deserto não é a ausência.
É o estado anterior à presença, antes da travessia dos nómadas, antes da paragem dos aventureiros...

Donde vem esta nostalgia que trazemos connosco, que nos dá por vezes o sentimento de termos perdido a parte de imensidão que é nossa....

Haverá um espaço perdido que pode ressurgir ao sabor dos nossos confrontos com as imensidões que cruzamos, o céu, os oceanos, os desertos, a noite...

Encerrará o código genético, além dos testamentos, o vestígio de uma viagem sem limites através dos esconderijos do universo...

Há nestes impulsos misteriosos para espaços infinitos, a marca de um esforço para o reencontro com uma imensidão dantes conhecida e, depois, desaparecida...

A vida seria então a construção de um invólucro que desamarra do mundo uma parcela de infinito, para lhe dar um peso, um lugar, um princípio e um fim.”
Ys


“Os desertos da Líbia... as mais belas palavras que conheço. Líbia, uma palavra sensual, arrastada, uma nascente secreta... era uma das poucas palavras em que se ouvia a língua virar uma esquina... um homem será como rios de água na areia seca.

Vivi durante anos no deserto, e acabei por acreditar nestas coisas. É um lugar de recessos. O trompe l´oeil do tempo e da água. O chacal com um olho voltado para trás e outro posto no caminho que pensamos tomar. Traz nos dentes pedaços do passado que nos depõe aos pés, e quando todo esse tempo se nos revela, verificamos que já o conhecíamos.

No deserto, um homem pode agarrar a ausência na concha das mãos, sabendo que tem nela um alimento mais precioso que a água.

Estes homens de todas as nações viajam ao cair da tarde, pelas seis horas, quando reina a luz dos solitários.”
mo


Yves Simon (the wondrous voyager)
Michael Ondaatje (the english patient)






leonardo

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