segunda-feira, abril 26, 2010

A meiguice e o enliçamento animal




























De cinta era fina, e no andar, um tudo-nada flexuoso, punha um dengue tão involuntário que se quedava em requebro natural, promissor de temperamento. Pertencia em suma à classe de mulheres que, a começar pelo corpo e a acabar pela alma, se tornam amantes perfeitas. Lianças com elas jamais se rompem. Quem as ama, ama-as até à morte. Quando desaparecem, deixam inextinguível braseiro. É que deram com a sua carne a beber o filtro que não perdoa, onde se concentraram meiguice e enliçamento animal, princípios sumos da voluptuosidade criadora.

Aquilino Ribeiro



pindaro

1 comentário:

olga disse...

“Possuías, sobretudo, duas qualidades capazes de conquistar todas as mulheres: o encanto das palavras e a beleza da voz”.

Carta de Heloísa a Abelardo