Diz-me pois se és tu a morada do príncipe das trevas. Diz-mo... diz-mo Oceano (e a mim só, para não causar tristeza aos que ainda só conheceram ilusões), e se o sopro de Satã criou as tempestades que erguem as tuas águas salgadas até às nuvens. Tens de mo dizer, porque me encheria de júbilo saber o inferno tão perto do homem.
Isidore Ducasse, Comte de Lautréamont
pindaro
1 comentário:
O belo será começo, iniciação, ponto de partida de um périplo e rota até ao próprio coração do divino. Mas esta viagem, através da floresta obscura, não será desprovida de perigos e inquietações. E o carácter tenebroso dessa divindade oculta, manifesta sensivelmente apenas através daquilo que nos arrebata por instantes do cárcere da nossa limitação, fará com que poetas e pensadores se interroguem sobre o rosto e a face dessa divindade da qual sensivelmente percebemos apenas alguns véus. Divindade atormentada e em luta e contradição consigo própria, como, de pontos de vista distintos, a conceberão, Hegel, Schopanhauer e o jovem Nietzsche. Será Deus ou Satã o que, através dessa viagem iniciática que a poesia e a rate realizam, se revela?
Eugénio Trías
(o belo e o sinistro)
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