marcha fúnebre
Vinham dois, vinham quarenta,
Vinham já cem mil talvez...
E uma poeira sangrenta
Cobre o solo português
De Este a Oeste, Norte a Sul,
Tais como as ondas do mar
Olhar negro, ontem azul
Vinham deitar-se a afogar.
Vinham mudos e sombrios
Como a noite na garganta
Vinham cegos como os rios
Como a sede quando espanta
Vinham sem saber onde iam
Mergulhando o corpo todo
Nas próprias veias que abriam
Como quem se afunda em lodo.
Eram eles a fronteira
Da pátria sem pensamento
Como escravos sem bandeira
Tendo por bandeira o vento.
Cidade, cidade minha,
Quem o havia de dizer?
Atrás dum mais outro vinha...
E vinha para morrer!..
pedro homem de melo
sábado, maio 21, 2005
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