quinta-feira, maio 12, 2005

Penedos, urze e mato

Ali, onde há penedos, urze e mato,
Pela primeira vez te vi bailar!
E, em certo corpo esguio de regato,
Ali, onde há penedos urze e mato,
Coube a verdade estranha do luar.

Aquela saia curta, mas redonda!
Aquela cinta frágil, mas comprida!
Ali, naquela dança, como em onda
(Seria curta a saia, mas redonda...)
Senti crescer, multiplicar-se a vida!

Sem que tentasse alguém, sequer, prendê-las,
Bailaram, rosas, cruzes, arrecadas.
Buliram, sob os olhos das estrelas,
Minhas bodas, vermelhas como estrelas,
E, como elas, distantes, ignoradas...

Intacto e nu, trago o meu corpo inteiro,
Maior que o céu, maior do que o pecado!
Pinhal do monte brusco e verdadeiro!
Mais vale, em pé, um único pinheiro,
Que todo o azul do mar sem fim, deitado!

O amor foi breve e rijo como um fruto.
O vinho leve e fresco foi exacto.
Deixá-las vir as nuvens com seu luto!
Um minuto de Sol. Basta um minuto
Ali, onde há penedos, urze e mato.


pedro homem de melo


píndaro

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